Agenda | Da redação | 07/06/2018 09h57

Ceinfs da Reme recebem espetáculo teatral produzido para bebês

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Introduzir os bebês no universo mágico e cênico do teatro e transformá-los em espectadores ativos, desde a primeira infância. Esta é a proposta do espetáculo Co’Ser, desenvolvido pelo grupo Urgente e Cia, que até sexta-feira (8) estará visitando cinco Centros de Educação Infantil (Ceinfs) da Rede Municipal de Ensino (Reme) beneficiando, inclusive, as crianças do berçário.

A montagem do espetáculo foi contemplada no edital de Fomento ao Teatro de 2017, da Prefeitura Municipal de Campo Grande, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo, e contou com recursos municipais de financiamento.

Sob a direção de Sandra Vargas, atriz e diretora chilena, residente no Brasil, fundadora do Grupo Sobrevento, e com interpretações de Angela Montealvão e Leonardo de Castro, o espetáculo acontece em uma tenda especial, que transporta os bebês para o mundo da personagem principal da história, uma costureira que cria e conserta bonecas de pano e se depara com sua própria roupa rasgada na altura do peito.

A partir do ofício de coser, a costureira percebe e constrói a sua própria identidade, dessa forma, ela tem a licença poética de costurar as bonecas e também de coexistir a partir delas. Apesar da complexidade da mensagem que o tema traz, a atriz Angela Montealvão explica que as pesquisas que desenvolve há quatro anos sobre teatro para bebês garantiram um espetáculo conciso e que estabelece uma comunicação poética com os pequenos.

“Não existe nada óbvio ou estereotipado, caso contrário os bebês percebem e fogem da comunicação”, destacou.

Apesar do clima intimista, diferente das atrações que apostam no colorido e em músicas alegres, o espetáculo mantém um diálogo constante com os bebês. Em cena, há vários elementos que garantem esta ligação. Bonecas de pano, que são reveladas em momentos específicos da peça, o som do violão de Leonardo de Castro e palavras que são ditas de forma repetida e ganham coro entre as crianças maiores.

Tudo foi desenvolvido pensando nos diferentes momentos de interação das crianças. Com isso, não há momentos longos de pausa, já que logo os bebês são despertados por um som ou palavra.

Até o espaço, que comporta 50 crianças, foi pensando no conforto. Sentados no chão e à vontade, eles observam com atenção cada momento da peça. Foi assim no Ceinf Juracy Galvão, no Residencial Oiti. Conforme o desenrolar da história, os bebês interagiam de acordo com a faixa etária. Os maiores repetiam as palavras ditas pelos personagens em cena e os menores eram atraídos pelas cores e sons.

“O teatro é feito de poesia, de comunicação poética entre atores e público, portanto, o Teatro para Bebês baseia-se na certeza de que são inatas as capacidades de comunicação poética e na plenitude de todo ser humano, de qualquer idade, para um encontro artístico e teatral”, destaca Angela Montealvão.

O ator Leonardo de Castro, que também já foi professor dos anos iniciais, garante que os bebês são capazes da poesia e o Teatro para Bebês prova isto a cada apresentação. “Já deu para perceber os potenciais de cada surpresa. Foi bem interessante a estreia. Arte e docência caminham juntos, o ator é um comunicador assim como o professor, por isso um complementa o outro”, afirmou.

Angela explica que as pesquisas feitas junto com o grupo Sobrevento, pioneiro na estética de teatro para bebês no Brasil, provam que há outras formas de se comunicar com crianças de zero a três anos e que vai além de um jogo de interação ou sensorial.

“O Teatro para Bebês é questionador, pois quando vemos um bebê assistindo a um espetáculo teatral, eles nos lembra que o teatro é sagrado, poderoso e transformador, além de promover o cumprimento do direito à integração social. Nosso objetivo é democratizar este tipo de arte e os bebês são esquecidos em termos de produção cultural. É um direito deles também ter acesso a cultura na primeira infância”, pontuou a atriz.

Sobre o espetáculo

A atriz Angela Montealvão conta que a peça nasceu da necessidade de falar da construção da nossa identidade. “Os bebês nos lembram da sinceridade, pureza, delicadeza e autenticidade que um dia tivemos, o que nos provoca a questionar esta sociedade cada vez mais autoritária e individualista, na qual as pessoas se deixam moldar por padrões impostos sem espaço para as diferenças, para poesia e para o afeto”, afirmou.

A estética do Teatro para Bebês busca um diálogo específico com a Primeira Infância. Este tipo de comunicação foi desenvolvido na Europa, nas últimas décadas, e ainda é pouco difundida no Brasil. Entre os pesquisadores nacionais pioneiros está o grupo Sobrevento, de São Paulo, do qual a diretora Sandra Vargas faz parte.

Para o grupo, a estreia em um Ceinf da Reme foi primordial para fazer os ajustes necessários para a continuação da temporada. Além disso, Angela destaca a importância de trocar experiências com os professores. “Enquanto nós começamos as pesquisas há pouco tempo, eles já batalham por essa cultura na Primeira Infância há muito tempo. Ficamos muito felizes com a receptividade nos Ceinfs”, disse.

A coordenadora pedagógica do Juracy Galvão, Cristiane Portela destaca que o espetáculo despertou interesses diversos entre os bebês, que conseguiram se envolver com a proposta do grupo. “O os alunos de 3 a 4 anos se encantaram com o espetáculo e observamos a sensibilidade deles e emoções em diversos momentos da peça. Desenvolvemos um projeto na unidade em que os alunos têm contato com diversas formas de manifestação cultural, e essa peça foi importante porque traz, justamente, uma proposta que foge do lugar comum”, concluiu.

Nesta quinta-feira (7), o espetáculo será apresentado na Escola Municipal de tempo integral Iracema Maria Vicente, às 12h30 e 13h30 e na sexta será a vez do Ceinf Edison da Silva receber a peça às 14 e 15 horas.

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