Agenda | Da redação/ com Dourados Agora | 23/12/2014 21h56

Dourados, um sonho que se torna realidade

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A estes colonos pioneiros, abnegados, persistentes e amigos rendo minha homenagem através destas linhas escritas pelo meu filho. A estes colonos pioneiros, abnegados, persistentes e amigos rendo minha homenagem através destas linhas escritas pelo meu filho. (Foto: Arquivo Pessoal)

Meus Amigos, Dourados foi para mim um sonho, e hoje sei que é realidade. Quando aqui cheguei em 1943, encontrei não mais do que poucas centenas de pessoas, ainda em busca das melhores oportunidades para suas vidas, para seus familiares e, para aqueles que viriam na sequencia. Minha proposta sempre foi ajudar a todos, na realização de seus sonhos.
Trouxe na minha bagagem uma missão: implantar a Colônia Agrícola Nacional de Dourados, que representava trazer o progresso para a região, fazendo a divisão harmônica daquelas terras ainda virgens, estabelecendo centenas de lotes, trazendo colonos de diferentes regiões do Brasil, construindo suas casas, implantando uma infraestrutura que possibilitasse o crescimento da região, incluindo estradas que ligassem Dourados aos centros mais avançados como Campo Grande e, a região noroeste do estado de São Paulo, trazendo os implementos agrícolas para a região e, as melhores técnicas de produção conhecidas até então.
Vocês podem me perguntar: como vim parar aqui?. Sou capixaba porém, cresci e estudei entre Niterói e Rio de Janeiro, onde me formei Engenheiro Agrônomo, em 1929. Trabalhei durante toda a minha vida no Ministério da Agricultura e, minha paixão era a implantação de uma agropecuária que se desenvolvesse em benefício das pessoas e, de toda uma região. Um decreto do ex-presidente Getúlio Vargas, assinado em 1943 me nomeou Administrador da Colônia Agrícola Nacional de Dourados. Naquele dia eu era na prática, administrador do nada, pois havia tudo a ser feito, quando aqui cheguei.
Cheguei só. Minha família inicialmente ficou no Rio de Janeiro e, não fosse a compreensão e companheirismo da minha esposa Célia, eu não poderia ter vindo para Dourados.
No início, período que não durou pouco tempo, vivi em acampamentos desbravando a região. Era trabalho 24 horas por dia, 7 dias por semana. Minha vida girava em torno da Colônia. Todo o entorno era a Colônia, todas as coisas, todas as questões, os problemas e as oportunidades eram a Colônia. Enfim, minha vida foi, durante 7 anos, a Colônia.
Assim que tive condições de hospedar a família, trouxe Célia e minhas 4 filhas com idades entre 12 e 6 anos e, que guardam as melhores lembranças dos tempos de Dourados. Não que tudo fosse uma maravilha, pois as dificuldades eram muitas, pela carência inicial de coisas básicas que iam desde as comunicações com outros centros, até os deslocamentos, dadas as distâncias a percorrer. Não há em nenhum de nós uma lembrança negativa que possa se sobrepor a todos os bons que tivemos. Na verdade, acho que todas elas compartilhavam do meu sonho. Posteriormente, meu filho Jorge, que nasceu no último ano de meu período em Dourados, muito se interessou por esta fase da minha vida e, francamente, é ele quem tem me mostrado a dimensão do trabalho que aqui realizei.
Dentro de minha reconhecida modéstia, admito que fico muito feliz de ver tanta admiração e tanto reconhecimento por parte não só da minha família mas, de meus amigos, especialmente os douradenses.
Em breve, os douradenses e todos aqueles que vivem nos hoje municípios que àquela época eram rincões que estavam dentro das terras da CAND, terão oportunidade de conhecer detalhes sobre a criação, o desenvolvimento e, a historia da Colônia, graças à iniciativa da Prefeitura Municipal para a criação do Museu da Colônia Agrícola Nacional de Dourados, que está em construção.
Com a dedicação dos funcionários da Colônia e, principalmente com o trabalho incansável dos colonos, hoje tenho certeza absoluta de que aqui fincamos o marco inicial para o progresso de Dourados e, de toda a região.
Como uma lembrança, junto a este texto uma das primeiras fotos que aqui tirei, acompanhado dos colonos, enquanto percorríamos nossos desafios, cheios de fé e de esperança.
É a estes colonos pioneiros, abnegados, persistentes e amigos, que rendo minha homenagem, através destas linhas escritas pelo meu filho, inspirado não só pelo que ouviu durante nossas conversas mas, pelo que pode ver quando em Dourados, já que eu tive que partir desta vida, com a consciência absolutamente tranquila por ter contribuído para a realização de tantos sonhos.

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