Hotéis no Centro: do cuidado com a preservação à decadência
Quando Campo Grande nem sequer tinha uma rodoviária, alguns hotéis ainda hoje no Centro da cidade já funcionavam na região da estação ferroviária, para receber quem chegava de trem. Décadas depois, um dos principais pontos de hospedagem é quase ruína na rua 14 de Julho. O Hotel Americano, na esquina com a rua Cândido Mariano, tem na fachada a oferta: “aluga-se”. Mas também há a opção “vende-se”. O prédio vermelho desbotado, de 1939, até 2006 ainda recebia hóspedes, mas a decadência tornou inviável a manutenção, conta o empresário Leandro Luis, que havia arrendado o local. “Não quero ficar como o cara que enterrou o Americano”, adverte ele em entrevista ao Lado B. Leandro prefere não falar muito sobre o hotel, exemplo da art déco, projetado por Frederico Urlass, com 35 quartos. Só diz que o prédio estava muito “judiado” e os proprietários não tinham interesse em recuperar as instalações, por isso o rompimento do contrato. Na mesma época, o empresário arrendou outros dois hotéis no Centro de Campo Grande - o Hotel União, na Calógeras, e o Hotel Anache, na Cândido Mariano. Os dois ainda funcionam e exibem mobiliário dos anos de auge, hoje sem qualquer glamour. Ressabiado, o dono não permite imagens dos quartos ou de outra dependência que não seja a portaria. No Anache, 3 centrais telefônicas antigas, inclusive a do Americano, são indicativos da idade dos hotéis, da década de 50. “Mas não sei quantos anos eles tem não”, diz Leandro. Ele espera o projeto de revitalização do Centro vingar, para retirar das fachadas dos hotéis as grandes placas que escondem a originalidade dos prédios. “Sempre quis tirar, mas os vizinhos não querem, então não posso mudar porque senão vou ficar apagado”, justifica. Apesar de se render à modernidade, com mudanças estruturais e adaptações aos tempos modernos, como internet e TV a cabo, eles, pelo menos, ainda estão em pé com cerca de 20 leitos cada um e diárias que variam de 39 a 44 reais. Contemporâneo, o imponente Hotel Campo Grande, criado pela família Coelho, fechou do dia para a noite e hoje é objeto de briga judicial. As linhas retas da fachada eram, na época, o must da arquitetura no País, bancada com a riqueza vinda da produção rural. Hoje, só o térreo é ocupado, com uma loja de produtos populares. Outros hotéis históricos de Campo Grande, como o Democrata, de 1912, o Hotel Globo, o Colombo e o Rio Hotel, da década de 30, já foram demolidos. Não deixaram vestígios. Da Redação/Com Campo Grande News
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