Artesanato | Com Agepen | 06/01/2020 09h20

Projeto terapêutico estimula recomeço para reeducandos por meio da arte

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Criatividade, talento e capricho são algumas palavras que ajudam a definir o resultado dos artesanatos desenvolvidos por internos do Estabelecimento Penal de Aquidauana (EPA). Cada detalhe, além do talento artístico, traz consigo também o resultado de um trabalho terapêutico, que busca muito além de belas peças, incentiva que cada detento participante se reestruture enquanto pessoa importante à sociedade, e possa recomeçar sua vida longe da criminalidade.

Realizado há mais de três anos, o Projeto Terapêutico Interarte utiliza as técnicas manuais artísticas para proporcionar qualificação profissional como artesão aos detentos, bem como tirá-los da ociosidade e estimular a elevação da autoestima, tão necessária a quem precisa buscar um novo caminho quando conquista a liberdade.

“Esse projeto surgiu da necessidade de provocar o interno a acreditar na sua potencialidade criativa nata, que muitas vezes precisa ser despertada com a prática constante”, comenta a idealizadora, psicóloga Maria Odinei, que há mais de 15 anos atua como servidora da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen).

Segundo ela, os encontros se desenvolvem semanalmente em forma de terapia em grupo, visando o bem-estar dos participantes, além de oportunizar a remição da pena.

Nesses três anos de existência, o Interarte tem contribuído para despertar o interesse dos participantes à mudança de atitude e pensamento na busca de melhoria de vida. “Hoje tenho uma profissão reconhecida, com carteira profissional nacional como artesão, faço e vendo meus trabalhos dentro da unidade, e vivo de minha profissão que aprendi no projeto, me reeduquei, me vejo mais tolerante, me considero mais organizado nos trabalhos e sou feliz”, comemora o interno Edimar, um dos atendidos.

O reeducando Márcio também garante que a iniciativa proporcionou transformação para ele, que antes vivia isolado. “Entrei no caminho errado, conheci e pratiquei o mal. Agora posso dizer que com o projeto aprendi a conviver em grupo, a conhecer a palavra de Deus, ter paciência, sou calmo, me domino, penso nas minhas filhas e na minha mãe, tenho motivos para viver”, garante.

Outro depoimento marcante é do custodiado Eurides, que afirma que o Interarte despertou nele a percepção que pode superar seus limites. “Percebi que somos capazes de fazer qualquer tipo de trabalho produtivo quando se tem uma dedicação e uma meta. Esse projeto me mostrou que tudo na vida precisa ter um objetivo a cumprir, pois, com organização, posso levar para a empresa que temos aqui na cidade e fazer totalmente diferente do que fazia antes. Esse projeto me deu segurança que podemos inventar e inovar”, comenta. “Com dedicação e planejamento em grupo somos capazes de fazer qualquer tipo de trabalho”.

Já Henrique destaca que a percepção é de que para aprender não tem limite de idade. “Hoje me sinto mais preparado para o mundo lá fora, por isso, agradeço a nossa psicóloga pela palavra amiga. Sou totalmente outra pessoa”, assegura.

As peças artesanais ultrapassaram os muros do presídio e já foram expostas em algumas feiras. A primeira exposição aconteceu em 2016, no Fórum de Aquidauana e a segunda em 2018. No mesmo ano, os artesanatos também foram apresentados na Feira do Artesão Livre, em Campo Grande, feito que se repetiu no ano passado.

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