Audiovisual | Da redação | 10/10/2017 13h54

Alunos do Curso Gratuito de Documentário exibem suas produções

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Alunos do Curso Gratuito de Documentário e seus professores estavam muito orgulhosos em mostrar ao público o resultado do trabalho realizado. Foram seis meses de preparação, entre aulas práticas e teóricas, que culminaram com a produção de cinco documentários, três deles já finalizados, e que foram exibidos na noite desta segunda-feira (10), no auditório do MIS.

O projeto foi realizado pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul por meio do Museu da Imagem e do Som em parceria com a TV Educativa, com o objetivo de homenagear Mato Grosso do Sul pelos seus 40 anos de criação. O curso de documentário começou no dia 25 de abril, teve uma carga horária total de 160 horas, inclusas as captações externas e as aulas teóricas e visionagem, realizadas no MIS e na TVE.

A coordenação, orientação dos trabalhos e aulas teóricas ficaram a cargo do publicitário, produtor executivo, roteirista, diretor e editor da TVE, Carlos Diehl; da jornalista, cineasta e coordenadora do MIS, Marinete Pinheiro e do diretor de TV e editor, Adão Mathias. Carlos Diehl expica que a ideia do projeto surgiu ano passado durante um curso de Cinema e Arquivo em Ouro Preto. “Eu e a Marinete quisemos desenvolver uma ideia parecida aqui. Como é o primeiro curso, foi um processo de aprendizado. A proposta inicial é aprender na prática e não focar muito na teoria. Envolveu muita força de vontade dos alunos. Estou muito feliz de ver o desenvolvimento desses, principalmente na pesquisa”.

Diehl fala sobre os desafios de se produzir um documentário, que os alunos, oriundos de diversas áreas profissionais, tiveram que enfrentar. “O documentário não é hermético, você não sai com roteiro já pronto. Você tem que se adaptar. Sobre o documentário com os indígenas, por exemplo, a ideia inicial não funcionou, tiveram que buscar outro caminho que funcionasse. Isso é muito rico no processo do documentário”.

Carlos Diehl ministrou parte da teoria durante o curso, acompanhou parte das gravações, orientou as produções, foi em algumas captações, auxiliou na confecção do roteiro, além de atuar na pós-produção e edição. “A qualidade do produto final ficou muito boa, dois deles: ‘Paraelas de Aço’ e ‘Reexistência’ foram inscritos para a Mostra do Sesc. É um material profissional, não é coisa de amadores não”.

O fotógrafo Rachid Waqued realizou, com seu grupo (André Placencia e Fernanda Prochmann), o documentário “Paralelas de Aço”, sobre a ferrovia e a passagem do trem pelo Estado. “O vídeo registrou a emoção das pessoas que de alguma maneira estavam envolvidas com o trem, pessoas que viram o trem andar. Mantém a tradição sem ser saudosista. Quando comecei a fazer o curso, comecei a olhar na internet documentários sobre a estrada de ferro ara não falar a mesma coisas que outros falaram. Não queria nada de ‘xororô’, fizemos uma coisa pra cima”.

A temática foi escolhida pois todo o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul foi em torno da ferrovia. Para Rachid, que é fotógrafo, trabalhar com audiovisual foi uma coisa nova. “Gostei muito do curso, é uma experiência nova. Sou da imagem fixa, agora trabalhei com a imagem móvel. Comecei a perceber que a fotografia como ela sempre foi vai caindo muito rápido. Com as redes sociais, hjá mais interesse em vídeos, em ver a pessoa falando. Participar de um curso, com uma pessoa coordenando, é outra coisa. Tem que ter envolvimento, você só aprende se estiver fazendo. A coisa mais difícil é cortar, porque todos são seus filhos. Esse é o treino que você precisa, de colocar o essencial dentro do roteiro”.

Lizandra Dias Moraes é empresária e trabalha com desenvolvimento de pessoas. É gaúcha e há dez anos está em Mato Grosso do Sul. O Curso de Documentário para ela foi uma forma de despertar a artista que existe dentro dela. “A artista está latente aqui. Trabalhei com teatro, pintura, e veio uma vontade de guardar esse olhar de uma região que vinha se desenvolvendo. O cinema não é uma coisa individual, é a arte do coletivo, Então, enquanto busquei individualmente com minha câmera, não consegui êxito. No curso a gente teve união, teve amizade. Todo mundo trabalhou junto, tinha unidade e apoio, tudo isso culminou para estar hoje com essa dor no coração, porque acabou. Mas estamos pensando em novos projetos e como fazer pra continuar. Todo mundo tem muita ideia, teve essa riqueza de experiência que todo mundo contribuiu”. O grupo de Lizandra, formado também por Guilherme Cavalcante e Marcia Furtado, produziu o documentário “Hino – glória e tradição de uma gente audaz”.

O grupo que produziu o vídeo “Reexistência – eu posso ser você sem deixar ser quem eu sou!” era só alegria e orgulho pelo trabalho. Amanda Dim, Nadja Mitidiero, Reinaldo Lopes, Sidney Terena e Neilcieni Maciel falaram sobre o trabalho depois de sua exibição. “Foi um privilégio muito grande trabalhar com profissionais, que nos trataram com respeito e nos deram a liberdade de opinar para que o documentário tivesse a cara do grupo. São pessoas que também amam o cinema, me senti muito honrado com essa oportunidade”, diz Reinaldo Lopes.

Para Neilcieni Maciel, o objetivo é mostrar que os povos indígenas estão aqui, estão buscando seu espaço. “Eles falam por eles no documentário. Eles estão nos centros urbanos mas a gente negligencia e acha que deixam de ser indígenas por não estarem na aldeia. É uma reflexão que deixamos com este documentário”. Nadja Mitidiero diz que o grupo pretende continuar o trabalho e instigar outras pessoas a abordar o tema. “Surgiram várias ideias aqui e acredito que podem instigar outras pessoas a se interessar pelo assunto”.

A professora e historiadora Alisolete Weingartner foi uma das entrevistadas no documentário sobre a ferrovia e foi fonte de informação no vídeo sobre o hino do Estado. Ela esteve presente ao evento e disse que todos os trabalhos apresentados tiveram a preocupação com o registro histórico. “Cada um tem a sua peculiaridade. O documentário sobre os indígenas têm a peculiaridade de informar o porquê da destribalização e da dificuldade em sobreviver numa sociedade moderna, capitalista, o preconceito. O do hino foi legal porque quando ele me ligou pra conversar eu disse que na época nós vivíamos uma ditadura terrível e tinha ainda a censura. Buscar heróis para o hino foi um subterfúgio para evitar aquela censura terrível, foi uma maneira de burlar aquela censura. Foram buscar um maestro com características muito mais clássicas, que não pudesse ter conotação com a rebelião”, diz.

Os documentários produzidos por alunos do curso vão ser exibidos na TVE e na TV Assembleia, vai fazer parte do acervo do MIS e, graças à parceria com a Gerência de Patrimônio Histórico e Cultural da Fundação de Cultura de MS, vão ser produzidos 500 DVDs com o material, para serem distribuídos nas escolas.

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