Audiovisual | Paulo Moura | 26/03/2015 10h26

Campo-grandense dirige comédia romântica para falar de homofobia

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O Campo-grandense Fábio Fecha, dirige a comédia romântica "Não me Lembro", que tem como tema a homofobia e intolerância. O curta-metragem narra a história de Téo, um arquiteto gay, casado e bem sucedido profissionalemente, que perde parte da memória em um acidente de carro.

Segundo notícia do Campo Grande News, quando Téo acorda, ele não se lembra da própria orientação sexual. Aproveitando a situação, os pais e uma amiga de infância tentam, então, fazer com que ele volte a ser hétero, “um machão de carteirinha”. O marido, ao contrário, faz de tudo para que ele se de conta de que sempre foi homossexual.

O problema é que todos exageram na dose. Fábio não revela, ainda, como esse exagero ocorre, mas diz que o curta, que terá 23 minutos e classificação indicativa de 14 anos, faz, também, uma crítica ao egoísmo. “Egoísmo na hora em que decidimos o que é o certo para a vida de outra pessoa”, explica.

Ele se baseou, em alguns momentos, num comentário de Drauzio Varella sobre homofobia. Na ocasião, o médico oncologista disse, relembra, “que as pessoas se importam com que o vizinho faz em casa, mesmo que isso não interfira no dia-a-dia deles”.

O acidente de Téo, e a consequente perda de memória, é apenas um motivo para tratar de um assunto bastante atual. A ideia do argumento, conta, é de Bruno Moser, que interpreta o arquiteto.”No começo eram situações de comédia que chamaram a atenção, mas, a medida que estudava o assunto, percebi que o tema preconceito está tomando proporções partidárias. Nos sentimos na obrigação de ir à fundo no tema”, afirma.

Ir à fundo não apenas para falar de preconceito, mas de egoísmo, volta a dizer, “em relação aos gêneros de outras pessoas”. “Apontar o dedo e dizer que fulano deve ser assim ou assado é muito fácil. Difícil e ver o ser humano e suas escolhas pessoais”, considera.

Para construir a história e os personagens, o diretor pesquisou, primeiro, sobre a perda de memória por trauma e, depois, buscou referências em obras famosas. Um delas vem do filme “Amante a Domicílio”, de John Turturro. As gravações começaram em Dezembro. O bairro Carandá Bosque serviu de cenário. A Esplanada Ferroviária também. Todas as locações são em Campo Grande.

“As cenas principais entre a família, o marido e amiga apaixonada são bastante densas”, dispara. “Não me Lembro” trata, segundo ele, de um assunto polêmico, mas com sutileza, tanto é que tem espaço até para o tango.

Um trabalho como esse exige cuidado especial, afirma Fábio. É por isso que ele está trazendo para Campo Grande o diretor André Siqueira, que faz parte da nova geração da Rede Globo, para preparar os atores. Ele, André, aproveita para oferecer um workshop de interpretação para cinema, TV e publicidade em Campo Grande (para saber mais, clique aqui).

Há outro detalhe, que diz respeito à qualidade. “Estamos gravando em 4k. […] É uma imagem quase 4 vezes maior e com mais qualidade que o HD. É muito mais definição. É a mesma qualidade que a Globo usa hoje em dia”, valoriza.

"Não me Lembro" deve ser finalizado até maio. A previsão de lançamento é em junho. A ideia é levar o público para o cinema.

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