Audiovisual | Da redação | 27/07/2018 09h34

Exibição do documentário sobre 50 anos do Grupo Acaba atrai cinéfilos durante o Festival

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“Nós levamos o Pantanal muito a sério porque é nossa fonte de riqueza, nossa verdade”. O depoimento do músico Chico Lacerda dá o tom do documentário “Canta Dores do Pantanal – 50 anos de Grupo Acaba”, exibido na tarde desta quinta-feira (26.07) no Espaço Madeiral, durante o 19º Festival de Inverno de Bonito.

O vídeo, produzido pela equipe da Render Brasil, com direção de Fábio Flecha e produção de Tânia Sossa, foi lançado em 2007 em Campo Grande. A gravação foi feita durante 30 dias no Pantanal, nos pontos mais significativos para o grupo, e também em Corumbá. Traz entrevistas e depoimentos de amigos, como Paulo Simões, Celito Espíndola, Guga Borba, Jerry Espíndola, Marcelo Loureiro. “Nos sentimos honrados em ter nossa história contada”, afirmaram os músicos Vandir Barreto e Moacir Lacerda, presentes na Mostra.

Moacir explica que a história do grupo começa quando os integrantes eram ginasianos na escola Maria Constança de Barros Machado. “A professora Maria da Glória Sá Rosa, nossa professora e grande incentivadora, acreditou que poderia trabalhar com cultura para jovens, que foram motivados a criar, externar seus sentimentos. Ali foi despertado um sentimento de artes, a lembrar nossa terra. Nós começamos a cantar nossas raízes, onde nós nascemos. Fomos descobrindo a história, a geografia, as relações humanas, nossas músicas têm um endereço, um passado, uma história. Levantamos essa bandeira das nações indígenas nas nossas músicas, a ‘bugritude’ que estamos colocando no nosso coração de maneira pioneira no Brasil. Buscamos referências para contar uma história. O Grupo Acaba foi nas raízes e fez do tema pantaneiro uma referência”.

Antes da exibição, Moacir e Vandir apresentaram sua gratidão por toda a história do grupo, retratada em vídeo. “Externamos nosso agradecimento para o diretor e a produtora do documentário, pela sensibilidade e competência profissional para contar, em 74 minutos, com leveza, mostrando com sentimento, alegria, todos os objetivos do grupo. Você ver essa sua obra sendo documentada num vídeo, para nós é uma alegria. Agradecemos a Deus pelo trabalho consolidado, pela vida, saúde, e pela sabedoria para viver esses momentos. Carregamos a mesma chama desde o início, são temas que precisam ser cantados, precisamos levantar essa voz”.

Para comemorar os 50 anos do grupo foi feita uma antologia com 85 músicas e lançados quatro CDs juntos. Foram realizados três grandes shows em Campo Grande e está sendo finalizado um livro pelo jornalista Rodrigo Teixeira. “Cantar as cores e dores do Pantanal, retratar a alma do homem e mulher pantaneiros, enaltecendo a história, a geografia e a cultura de MS sempre foi nosso objetivo. A nossa temática é universal, nunca foi uma cultura de modismo”, diz Moacir.

Fascinado por cinema, o geógrafo Jean Magno Soares mora em Florianópolis mas está de visita a sua mãe em Bonito. Ele considera o audiovisual “a melhor coisa do mundo”. “Lembrei da minha adolescência em Campo Grande vendo o vídeo. Eu sempre ouvia as canções do Acaba mas não tinha noção do que era o grupo, agora entendi melhor a história deles. No audiovisual é onde eu consigo entender melhor muita coisa. Cinema para mim sempre foi cativante, faz parte do meu cotidiano. Pretendo vir todos os dias na Mostra do Festival”.

Também presente na exibição desta tarde, Agenor Zampieri trabalha com sonorização, mora em Bonito há 27 anos, mas é de Santa Catarina. Ele veio prestigiar a Mostra de Cinema porque “o audiovisual está no meu sangue”. “Quando eu era pequeno tinha um senhor que passava filmes pra gente, eu era o primeiro que chegava, antes do pipoqueiro”.

Zampieri tinha umas películas antigas em super 8 com imagens do Pantanal que ele comprou em Campo Grande e que passava para crianças em escolas pelo país cobrando ingresso no valor de 1 cruzeiro, para divulgar o Pantanal pelo restante do Brasil. Hoje ele continua exibindo filmes nacionais e internacionais nas vilas e periferias de Bonito, só que hoje não precisa mais cobrar.

Ele gostou muito do documentário sobre o Grupo Acaba: “A história deles é sensacional! Além de levar a cultura por meio da música, que é uma fonte incomparável de emoções, o grupo traz a história do nosso Pantanal”. E como bom cinéfilo, Zampieri pretende acompanhar a programação da Mostra e participar assiduamente das exibições durante o 19º Festival de Inverno de Bonito.

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