Carnaval | O Estado MS | 19/01/2016 11h07

Amor de Carnaval origina bloco que atrai mais de 300 foliões ao ano

Compartilhe:

Quando tudo começou, em 1988, era um só palhaço solitário, de braços abertos, sorrindo, atrás dos blocos e escolas na avenida: Guilherme Mourão. Então surgiu Bianca Machado, atriz da Companhia de Teatro Maria Mole. “Eu me apaixonei por aquele palhaço solitário e também quis brincar com ele na avenida”, conta. O amor de Carnaval virou casamento. E o casal de palhaços começou a atrair uma porção de amigos. Quase 30 anos depois, o Bloco dos Palhaços é a principal atração no encerramento do Carnaval de Corumbá, terça-feira, 9 de fevereiro, com mais de 300 integrantes, mas sem perder o perfil familiar. “É um bloco que carrega um pouco da emoção e da magia da alma, a gente faz o que gosta”, define a estudante Mariana Castro, de 20 anos, que sai no grupo há três anos. “É sem dúvida o bloco mais alegre e familiar do Carnaval de Corumbá”, acrescenta.

Guilherme e Bianca já não estão mais juntos como marido e mulher, mas permanecem muito unidos pelo teatro, pelos três filhos e pelo Carnaval. Juntos, eles acabam de compor uma marchinha especial para o bloco. Outra marcha, composta por Bianca, tem como foco a reciclagem e o tema “Devolva sua fantasia”. “Queremos dar o exemplo, incentivando o folião a nos devolver a fantasia de palhaço, que será reciclada para o próximo ano, evitando o desperdício”, diz Bianca. “É triste ver plumas caríssimas jogadas nas ruas depois dos desfiles”, acrescenta.

Guilherme Mourão, o palhaço pioneiro, nunca deixou de sair no bloco, que no começo da formação pegava carona na rabeira de outros blocos como o Flor de Abacate e de escolas de samba como Vila Mamona. A ele e Bianca se juntaram atores, produtores culturais, professores, estudantes, famílias inteiras de Corumbá e turistas. Até que em 2006 surgiu um convite da então presidente da Fundação de Cultura Helô Urt, para que o bloco integrasse o Carnaval Cultural de Corumbá, terça-feira, ao lado de outros grupos que hoje buscam o resgate das raízes carnavalescas, como os cordões e as alas dos marinheiros, do frevo e das pastorinhas.

Prefeito, almirante, todos devem esperar na fila da maquiagem

Na sede do clube já estão à venda centenas de modelos e tamanhos de fantasias de palhaços, kits com preços que variam de R$ 35 a R$ 90 – o mais caro inclui a fantasia, a maquiagem, o acesso à Casa da Beneficência Portuguesa e bebidas. Entre os que já encomendaram fantasias estão nomes ilustres como o prefeito Paulo Duarte, o almirante Petronio Aguiar, comandante da Base Naval da Marinha, e a artista plástica Peninha, que costuma se vestir de Charles Chaplin. Não importa a graduação: neste bloco todos são palhaços e precisam aguardar pacientemente a vez na fila da maquiagem. Certa vez – conta Bianca -, a fila era longa e um almirante anunciou sua chegada certo de que seria atendido imediatamente pela maquiadora.

“Manda ele esperar na fila, porque aqui ele também é palhaço, como todo mundo”, avisou Bianca. O bloco presa pelo respeito, a igualdade e o ambiente familiar. “Nosso limite não pode passar de 500 integrantes, acima disso vira escola e fica difícil controlar, porque aqui temos muitos casais, crianças, e eu faço questão de conhecer um por um, até quem vem de fora”, diz a coordenadora.

SERVIÇO – Bloco dos Palhaços. Concentração: Casa da Beneficência Portuguesa, rua Antônio João, 320, Centro. Kit com fantasia, maquiagem e bebidas: de R$ 70 a R$ 90; kit com maquiagem e bebida, R$ 50; kit só com maquiagem e acesso, R$ 45; kit só com acesso, R$ 35. Desfile dia 9 de fevereiro.

VEJA MAIS
Compartilhe:

PARCEIROS