Circo | Jeozadaque | 23/02/2010 16h24

De Camarote: Jeudson Araújo

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jeudsonaraújoentrevistaO Ensaio Geral entrevistou o filósofo e artista plástico Jeudson Araújo. Foi no estado do Pará, terra em que nasceu, que descobriu seu talento para a pintura quando era ainda uma criança. Hoje, aos 30 anos, Jeudson lamenta não ter tanto tempo para a pintura, mas deixa claro sua relação de submissão a arte. Veja mais detalhes na entrevista. Ensaio Geral: Como surgiu o gosto pela pintura e pela arte? Jeudson: Sou do estado do Pará e já estou aqui no estado (MS) há mais de 10 anos. O gosto pela pintura começou na infância, na época eu não era capaz de dizer que eu estava brincando ou estava programando meu futuro, simplesmente eu fazia e isso agradava algumas pessoas e me estimulava quando eu pintava, porque pelo fato de eu ser introspectivo, a pintura era o meu trampolim, era o que jogava pra fora, me fazia aparecer. Na adolescência se intensificou e até hoje eu trabalho com arte. Ensaio Geral: Há quanto tempo você pinta? Jeudson: Como eu falei desde a infância, num tem uma data exata, hoje estou com 30 anos. Tem registros meus de quando eu tinha nove anos de idade. É uma pintura feita a tinta óleo, a tinta óleo da época era tinta de pintar ferro. De qualquer maneira foi assim que começou, todo mundo tem uma história e essa é a minha. Ensaio Geral: Qual foi o motivo de você ter vindo pra Campo Grande? Tem ligação com a arte e a pintura? Jeudson: Inicialmente não. Eu estudava em um internato do Seminário Teológico em Belém e vim pro estado com interesse de conhecer a fronteira, a intenção era trabalhar no Paraguai. Isso só se realizou cinco anos e meio depois. Eu acabei ficando em Campo Grande, trabalhei nesse período e inclusive expus na Estácio de Sá, onde fui premiado duas vezes. Acabei realizando o projeto de conhecer a fronteira e trabalhei por lá durante um tempo. Tive a oportunidade de retornar pra Campo Grande em 2007. Ensaio Geral: Suas novas obras são sobre o tema "Circo dos Sonhos". De onde veio o interesse por esse tema? Jeudson: Pra mim, o mundo é muito circense, "...o mundo é um circo", aliás essa frase é de uma música da Marisa Monte. E a conotação com os palhaços, eu acho que toda vez que pinto palhaços eu penso que estou pintando homens, porque acho que o homem é muito palhaço, é dessa maneira que eu interpreto. Mas no fundo tem uma tentativa de interpretação filosófica. O mundo é muito feio e ao mesmo tempo muito bonito. Nós precisamos pelo menos tentar compreender esses dois pólos, porque pra algumas pessoas é apenas feio e pra outras é muito bonito. Nesse limiar precisamos extrair de todas as coisas a beleza contida nelas. O circo sempre esteve presente na minha vida, e eu adotei. Nessa brincadeira, elefantes voam. Ensaio Geral: O estilo de "Circo dos Sonhos" é o realismo fantástico. Qual a diferença desse estilo pra outros que você já pintou? Jeudson: No início eu pintava paisagens e eram desoladas da presença do homem, talvez a natureza mais plena. Comecei a sentir a necessidade do figurativo, foi quando inseri o homem, e alguns conflitos apareceram. Não tenho tanta consciência quanto a isso, eu apenas faço. Admiro muito o alemão Max Ernst, que se despoja da razão. Ensaio Geral: Sobre seus planos para 2010. Continuará a se dedicar a arte? Jeudson: Eu sou professor formado em filosofia e pós-graduado em Gestão Escolar, então minha atuação nos últimos dois anos tem sido muito no ambiente de escola. Infelizmente isso não contempla a arte. A pintura está presente sim, mas não como já foi um dia. Não é um hobby, porque me vejo escravo dela e como Da Vinci, não acredito em inspiração. Foto: Jéssica Machado Da Redação

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