Artista do cenário sul-mato-grossense explica a ótica das danças 'lundu'

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Dança | Ayanne Gladstone/Da Redação | 28/07/2021 11h42

Artista do cenário sul-mato-grossense explica a ótica das danças 'lundu'

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As danças populares brasileiras nasceram do conjunto entre a cultura africana, europeia e indígena, que foram inseridas entre as manifestações oriundas do próprio Brasil. A dança é uma linguagem artística que se utiliza dos movimentos corporais para cativar, provocar e dialogar. Sua incorporação no terreno brasileiro pode ser visto através do Frevo, Maracatu, Bumba Meu Boi, Samba e danças folclóricas, por exemplo.

Entre as danças populares, as danças denominadas lundu são compreendidas como uma expressão artística trazida pelos povos africanos e escravizados no território de Angola e do Congo, no final do século XVII. Também são interpretadas como uma combinação entre a chamada umbigada africana e o fandango europeu. De acordo com o jornalista e crítico musical, José Ramos Tinhorão, o lundu é originário da palavra calundu, uma espécie de culto africano praticado no Brasil durante o período colonial e concebido como o início do desenvolvimento da religião Candomblé.

A artista cênica e arte-educadora, Ana Carla Vieira Ferreira explica que o lundu pode ser entendido como manifestações diversas das danças populares brasileiras, que possuem as mesmas origens e raízes populares. Ela explica que conheceu a manifestação através do Lundu Marajoara, dança tradicional do Pará, e aprofundou suas pesquisas até se deparar com outras manifestações lundu. “A gente tem o Lundu de Araguaiana, no Mato Grosso, o Lundu de Urucaia, de Minas Gerais, o Lundu de Lezeira, que é de uma comunidade do Piauí, que é uma comunidade quilombola”.

Ana Vieira explica que sua trajetória dentro da arte começou em 2011, através de sua inserção na faculdade de Artes Cênicas, pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). A dança, de acordo com a artista, foi uma expressão que sempre fez seus olhos brilharem, o que impulsionou sua iniciação como dançarina. “Eu entro na universidade em 2011 e começo a conhecer todo esse universo da arte, e em 2013 eu entrei em um grupo do qual ainda faço parte, que é a Cia de Artes Rob Drown”.

Segundo a artista, a Cia de Artes Rob Drown trabalha com diversas linguagens artísticas desde a sua fundação, em 2010. A companhia é um grupo artístico cênico do território campograndense que produz conteúdo através da cultura popular brasileira como base de pesquisa. “A partir de 2015 a gente começa a inserir a cultura popular dentro do trabalho e eu atuo tanto na produção do grupo, quanto como artista da cena”.

Ana Vieira afirma que, dentro das artes cênicas, sempre se identificou com a dança e tinha mais resistência ao próprio teatro, no entanto, após ingressar na Cia Rob Drown, como um grupo que perpassa por todas as linguagens artísticas, precisou trabalhá-las dentro internamente. Após iniciar sua pesquisa sobre a cultura popular brasileira, a artista começou a abranger a expressão da dança juntamente com o teatro, poesia e música. “As manifestações possuem dança, teatro, música, poesia. É uma mistura de linguagens dentro de uma única manifestação”.

Em um de seus trabalhos mais recentes, “Entre Lundus, Meu Lundu”, Ana Vieira expressa o próprio lundu entre a pluralidade de danças existentes no território brasileiro. Como uma arte-educadora e contadora de histórias, ela compreende que a base de sua técnica e de seus ensinamentos é a arte, o que expressa em seu trabalho. “Entre toda essa pluralidade de danças que o universo da cultura popular possui, eu trago um pouco do meu mover, da minha dança, do meu movimento, da minha identidade, que é singular diante dessa pluralidade. Esse trabalho vai além um pouquinho da reprodução de movimentos das danças lundu. Ele é a expressão do que me move dentro da arte e da vida”.

Confira "Entre Lundus, Meu Lundu" na íntegra: 

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