Cia Deborah Colker vem à Capital com ‘Cão Sem Plumas’
A bailarina Deborah Colker garantiu no último dia 5 o prêmio de melhor coreógrafa do mundo no Prix Benois de La Danse, pela coreografia de “Cão Sem Plumas”, que estreou em 2017 por sua companhia. O espetáculo estará em cartaz no Teatro Glauce Rocha nos dias 16 e 17, às 21h e 20h respectivamente. A entrada custa R$ 60 (meia) e R$ 120 (inteira).
Ainda concorrem por “Cão Sem Plumas” os músicos Jorge Du Peixe e Berna Ceppas, na categoria compositores, e Gringo Cardia, na de cenógrafos. Essa não é a primeira vez que o grupo é reconhecido internacionalmente, já que a Cia Deborah Colker teve sua excelência chancelada pela Society of London Theatre, arrebatando, na categoria "Outstanding Achievement in Dance" (realização mais notável em dança), o Laurence Olivier Award 2001 – honraria jamais concedida a um artista ou grupo brasileiro. Deborah também foi a coreógrafa responsável pela cerimônia de abertura da Copa do Mundo do Brasil, em 2014.
Essa é a primeira montagem com temática explicitamente brasileira da Cia Deborag Colker, sendo baseada no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), publicado em 1950. Acompanha o percurso do rio Capibaribe, que corta boa parte do estado de Pernambuco, mostrando a pobreza da população ribeirinha, o descaso das elites, a vida no mangue.
“O Espetáculo é sobre coisas inconcebíveis, que não deveriam ser permitidas. É contra a ignorância humana, destruir a natureza, as crianças, o que é cheio de vida”, explica Deborah.
Na montagem a dança se mistura com o cinema. Cenas de um filme realizado por Deborah e pelo pernambucano Cláudio Assis – diretor de longas-metragens como Amarelo Manga, Febredo Rato e Big Jato – são projetadas no fundo do palco e dialogam com os corpos dos 13 bailarinos. As imagens foram registradas em novembro de 2016, quando coreógrafa, cineasta e toda a companhia viajaram durante 24 dias do limite entre sertão e agreste até Recife.
Os bailarinos se cobrem de lama, alusão às paisagens que o poema descreve, e seus passos evocam os caranguejos. O animal que vive no mangue está nas ideias do geógrafo Josué de Castro (1908-1973), autor de Geografia da fome e Homens e caranguejos, e do cantor e compositor Chico Science (1966-1997), principal nome do mangue beat. O movimento mesclava regional e universal, tradição e tecnologia, como Deborah faz.
Para construir um bicho-homem, conceito que é base de toda a coreografia, a artista não se baseou apenas em manifestações que são fortes em Pernambuco, como maracatu e coco. Também se valeu de samba, jongo, kuduro e outras danças populares. “Minha história é uma história de misturas”, afirma ela.
A jornada também foi documentada pelo fotógrafo Cafi, nascido em Pernambuco. Na trilha sonora original estão mais dois pernambucanos: Jorge Dü Peixe, da banda Nação Zumbi e um dos expoentes do movimento mangue beat, e Lirinha (ex-cantor do Cordel do Fogo Encantado, poeta e ator), além do carioca Berna Ceppas, que acompanha Deborah desde o trabalho de estreia, Vulcão (1994). Outros antigos parceiros estão em cenografia e direção de arte (Gringo Cardia) e na iluminação (Jorginho de Carvalho). Os figurinos são de Claudia Kopke. A direção executiva é de João Elias, fundador da companhia. A produção local é feita pela Marruá Arte e Cultura.
Cia. Deborah Colker
Em 1994, a Companhia de Dança Deborah Colker subia à cena pela primeira vez no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, um dos mais importantes do país, dividindo a noite com o Momix, o cultuado grupo de Moses Pendleton. Era a edição inaugural da mostra O Globo em Movimento, que se tornaria referência no panorama brasileiro da dança, e Vulcão, o espetáculo de estreia, faria jus ao nome.
A grande explosão, no entanto, viria no ano seguinte com Velox, que em seis meses contabilizava 55 mil espectadores. Um fenômeno que renderia à companhia uma estabilidade precoce. Em 1996, apenas dois anos depois de vir ao mundo, a Cia Deborah Colker era contemplada com o patrocínio exclusivo da Petrobras e ocupava sede própria.
No mesmo ano, fazia sua primeira estreia mundial em território estrangeiro. Montado especialmente para a prestigiosa Bienal de Dança de Lyon, Mix cuidaria de projetar internacionalmente o trabalho da companhia carioca.
De lá para cá a companhia já passou por quatro continentes, se apresentando nos EUA, Canadá, França, Inglaterra, Alemanha, Singapura, China, Japão, Nova Zelânida, entre diversos outros países. Essa é a segunda vez que Deborah vem à Campo Grande, sendo que a última foi há 18 anos.
Serviço – O Teatro Glauce Rocha fica dentro do campus da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Os ingressos podem ser adquiridos na livraria Le Parole, localizada na rua Euclides da Cunha, 1126, pelo site www.ativaingressos.com.br ou na bilheteria do espetáculo. A meia entrada vale para idosos, com apresentação de documento, estudantes e professores que apresentarem a carteirinha e doadores de sangue e medula que apresentarem sua carteira de doador.
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