Entrevista | Juliane Garcez | 13/11/2013 10h32

"A arte corre em meu sangue"

Compartilhe:

Marilena Grolli é graduada em bacharel em Artes Visuais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e pós-graduada em Arte e Educação pela Faculdade Unidas de Campo Grande. Já realizou diversas exposições tanto individuais quanto coletivas, além de ser selecionada e premiada com sua produção artística, tanto no estado quanto em nível nacional. Marilena mora em Campo Grande desde o primeiro ano de vida e é aqui na cidade morena que vive e desenvolve sua arte. Acompanhe o trabalho da artista através de seu site http://www.marilenagrolli.com.br.

Acha que a cidade de Campo Grande é um ambiente ideal para o meio artístico? Se não, o que você acha que falta pra isso acontecer?

Penso que sim, conheço artistas maravilhosos aqui que não deixam a desejar em nada em relação aos artistas dos grandes centros, isso em se tratando de poética artística.  Se comparando aos vários incentivos e oportunidades oferecidos aos artistas plásticos dos grandes centros e evidente que ocorra um destaque maior a esses artistas, devido as grandes quantidades de espaços culturais como Galerias (públicas e privadas), Museus, etc. e claro os marchands e galeristas, mídias que acabam fomentando o mercado da Arte, o que aqui ainda deixa a desejar. Mas se compararmos a diferença absurda em termo de  população, estamos bem sim. Percebo um fomento por parte das instituições culturais artísticas e dos próprios artistas que sentem o retorno importante que a Arte oportuniza, os diálogos possíveis que fazem as pessoas mais críticas e pensantes e claro que politicamente falando, existe por parte de alguns dos nossos representantes uma grande hipocrisia de oportunizar Arte a um público restrito como se determinadas classes não soubessem apreciar a Arte,ou não precisassem por isso levo as nossas ruas meu grafitti para que todas as pessoas saibam que a Arte é nossa, essa é minha doação a cidade.

Fale um pouco sobre sua arte.

Minha Arte é quem eu sou, é o meu olhar sobre o meu meio, observar as pessoas, criticar o que não concordo, tentar fazer isso com humor. Não quero  usar minha Arte para agredir e sim para questionar a vida. A Arte pra mim desde a infância é porta de escape. Penso que minha Arte não é algo que esta amarrado em um espaço do tempo, ela é mutante, está sempre se transformando e é assim que sou hiperativa e inconformada com o desrespeito social e moral, as pessoas estão sempre criando personagens para agradar a terceiros e a essa sociedade hipócrita que dita padrões surreais podres e deixam de ser verdadeiros, uma pena.

Há quanto tempo você pinta?

Desde meus oito anos, mas profissionalmente pinto há vinte anos.

Você considera a arte como profissão ou hobbie? O que você faz em paralelo à isso? 

A Arte é com certeza uma profissão, por isso graduei e me especializei em Artes Visuais. Hoje posso trabalhar com arte e pela arte, como Gestora de Artes e Cultura na Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. Hoje eu me dedico mais a fazer curadorias, ministrar oficinas de Artes em escolas e Universidades, etc.

A arte é prioridade na sua vida?

Sempre costumo dizer que a arte corre em meu sangue.

Quais trabalhos você anda desenvolvendo atualmente? 

Ando pintando minhas obras e me dedicando a Arte Grafitti, vou muito a São Paulo em movimentos de Arte Urbana e estou sempre que possível nas ruas fazendo grafitti, a energias das ruas me contagia. Faço arte grafitti há uns 5 anos, mas desde a infância sempre tive um contato direto com as ruas, ora engraxando sapatos na praça Ary Coelho e em outros pontos, cuidando carros na feira-central, etc. Deixando a vida me levar.

Você acha que a arte é devidamente valorizada pelo público sul mato-grossense?

Sim, recebo muito carinho e admiração do público de diferentes faixas etárias e fator social, o que me realiza muito. Gostaria de acrescentar minha posição em relação à distribuição tão desigual dos recursos destinados a cultura no Brasil...

Acho que a distribuição de recursos por região é desigual. No meu caso, que sou da região centro-oeste, percebo que ficamos esquecidos, com um mínimo de recurso e tudo fica muito mais difícil em termos culturais. É muito difícil ser artista no Brasil e viver de Arte, então, nem se fala. Eu ainda vivo "entre aspas" de arte, porque sou funcionária pública e meu cargo me coloca diretamente ligada às artes, mas sonho com um dia que nós, artistas, possamos viver e ser reconhecidos por nossa Arte.

A cultura deveria estar inserida na vida das pessoas, independente de classe social, proporcionando oportunidades, possibilidades e dignidade. A cultura não deveria ser considerada lazer, etc... O ser humano sem se expressar morre de todas as formas possíveis...

VEJA MAIS
Compartilhe:

PARCEIROS