Entrevista | Por Danilo Galvão | 30/04/2013 16h56

O olhar da fotografa e sua visão sobre a arte

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Annaline Piccolo

ENSAIO GERAL - Como você define o seu trabalho?
ANNALINE - Meu trabalho é linguagem. Tento traduzir em fotografia, som, desenhos e escrita, o mundo que me atravessa. 

EG- O que te levou a fotografia?
ANNALINE- O tempo da fotografia, sua velocidade. A possibilidade de respiro que ela traz. No livro "A câmara escura" de Roland Barthes, não me lembro em que momento, ele diz que  "um vídeo se assiste, uma fotografia se mergulha." Eu mergulhei. 

EG- Quais são as suas influências?
ANNALINE- Minha maior influência nas Artes Visuais não vem da fotografia, nem da pintura, e sim da poesia: Manuel de Barros.
Qual a relação que a sua arte possui com a Realidade? E com a abstração?
Acredito que realidade é coisa inventada e reinventada cotidianamente, por cada um. Uso a arte pra inventar a(s) minha(s) realidade(s).

EG- A construção de Ponto Cego, seu livro, tem um olhar bem diferente do mundo. Você se vê com um olhar especial?
ANNALINE- Tento praticar a desconstrução (desalienação) do olhar cotidianamente. A poesia me ajuda muito nessa prática. 
 O que você espera que uma pessoa tenha de impacto ao ver uma foto sua?
Espero que ela mergulhe na fotografia. Mas sei que não é todo mundo que sabe nadar. Eu ainda não sei. 

EG- De que maneira você vê o incentivo a produção de áudio visual independente no Brasil ?
ANNALINE - Primeiramente, acho que tivemos uma confusão de termos aqui. Para esclarecer: a palavra audiovisual, está mais relacionada à produções cinematográficas, ou simplesmente em vídeo. Eu raramente trabalho com vídeo. Não sinto tanta afinidade com essa linguagem. Me sinto mais incluída na área das artes visuais. Nessa área, acho que o incentivo tem aumentado cada vez mais. Surgiram novos editais a nível nacional e regional, que com certeza não conseguem abarcar a grande demanda de produtores, mas são um primeiro passo nessa caminhada. Ainda temos muito o que mudar em relação ao tipo de arte que é consumida nesse país.

EG- Qual seria a política cultural adequada para que trabalhos como o seu pudessem ser mais acessíveis?
ANNALINE - Acho que tudo começa com o valor dado ao ensino das artes no sistema de educação básica. Enquanto as aulas de artes forem espaço puramente decorativo e despolitizado na educação, o acesso a arte vai continuar restrito à uma elite cultural. Acho que isso não tem a ver só com a aula de artes em si, mas sim com o sitema de ensino mecanizado como um todo.

EG- Quais os seus próximos projetos? Seu trabalho possui uma programação ou segue apenas inspiração ?
ANNALINE - Ando investigando bastante as poéticas visuais no contexto urbano.  A relação entre arte/urbanismo/geografia cultural. Não sei onde isso vai dar, mas está gostoso o estudar. Arte também é processo de pesquisa. 


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