Exposição | Da redação | 08/07/2017 13h19

Mostra “Por Falar Em” traz obras de artistas da UFMS da Capital

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De 12 a 30 de julho de 2017 artistas dos cursos de Artes Visuais da UFMS realizam a exposição “Por Falar Em” – recortes da produção em pintura. A mostra será na Galeria de Vidro da Plataforma Cultural localizada na Avenida Calógeras, n° 3015. A galeria fica aberta às segundas, terças e quintas das 8h às 18h. Quartas e sextas das 8h às 20h e aos sábados das 16h às 20h.

Segundo o material de divulgação da exposição a contemporaneidade paira sempre sobre a pintura o questionamento de sua permanência frente a tantos outros meios disponíveis aos artistas. Porém, tal não ocorre em MS: a linguagem pictórica reina absoluta na arte local, sendo maciça sua presença, tanto histórica como atual. A questão que se apresenta então ao artista no cenário sul-mato-grossense não é, portanto, sustentar sua escolha pelas tintas – ela é quase natural; o grande desafio é revelar como a pintura é contagiada pelo pensamento de seu tempo e como segue forte, refletindo e comentando as questões do agora.

Na mostra “Por Falar Em” apresenta-se um recorte de investigações e experimentações feitas por acadêmicos dos cursos de Artes Visuais da UFMS dentro de disciplinas voltadas à pintura, considerando-a sempre sob a perspectiva de uma longa tradição, mas principalmente, como uma linguagem da arte contemporânea. São 15 artistas e 15 obras, divididos em três eixos temáticos recorrentes na produção desses estudantes nos anos de 2016 e 2017.

Num primeiro eixo, há o Autorretrato. Assunto na pintura desde tempos e lugares distantes, a vontade de deixar uma imagem de si não escapa aos artistas da mostra, mas as escolhas narrativas e formais são diversas: Alex Alonso, Laura Holsbach e Lucas Braz fazem uso do autorretrato para pesquisar as possibilidades expressivas da pintura de figura humana a partir de pinceladas fortes e de suas paletas de cores e contrastes. Já Lila Borges recorre à mancha sutil da aquarela para fazer da transparência um componente, numa ânsia de ao mesmo tempo mostrar-se e ocultar-se. Maria Carolina Rodrigues, de forma inviesada, retoma a tradição do retrato de grupo interferindo em uma série de cópias da mesma foto de família e subvertendo o ato de pintar – ela apaga ao invés de colorir – para falar sobre memória e identidade a partir da experiência com o alzheimer da avó. Para Natália Mota e Vinícius Brandão o autorretrato não fala do que se vê por cima das camadas de pele ou tinta, mas de construção de identidade e estados mentais.

Outro eixo trata de Questões do Feminino, sempre com um olhar reflexivo e crítico. Bruna Motta e Flora Lira falam sobre fragilidade e fragilização, uma recorrendo à figuração enigmática do seu corpo em estado de abandono, outra à propriedade frágil do suporte escolhido para a pintura. Palmira Nogueira discute a influência do cristianismo e do patriarcado na consolidação do que se espera do comportamento da mulher na sociedade em que está inserida. Amanda Mamede tem realizado uma coleta de relatos sobre violência física ou psicológica contra a mulher, e elege alguns deles para reelaborar e encenar na pintura, colocando-se como protagonista de histórias que se passaram com outra, mas que também se passam consigo e com todas. E o único homem incluído nesse eixo é Helton Vaccari, que traz uma pintura poética e contundente sobre a condição da mulher negra brasileira, considerando-a receptora da inevitável herança da escravidão.

Num terceiro eixo temos as pinturas que tomam como tema a Paisagem. Alex Petersen e Rennan Rojas partem de fotografias de naturezas idílicas para transpô-las às suas telas, mantendo muito mais o compromisso com o arrebatamento do que com a fidelidade à imagem original, numa explosão de pinceladas expressivas para um e contrastes de cores para outro. E por fim, Jéssica Braga recupera a milenar técnica da pintura encáustica para criar uma geografia imaginária e tátil, até abraçar a abstração.

“Como numa composição, a escolha das obras e artistas se deu muito mais pelos contrastes do que por afinidades, apesar do aparente agrupamento dos eixos. Pretende-se assim que a exposição ‘Por Falar Em’ esboce um pouco da complexidade da pintura contemporânea e, principalmente, deixe entrever a novidade e promessa que emanam desses artistas ainda em formação” explica Priscilla Pessoa, professora dos cursos.

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