Destaques | Jeozadaque | 26/08/2011 13h59

Quatro filmes estreiam na Capital; veja as críticas

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Nesta sexta-feira, 26, aniversário de Campo Grande, quatro filmes estreiam nos cinemas da Capital: Amor a toda prova, Planeta dos Macacos A Origem, Todo mundo tem problemas sexuais e Reino dos Felinos. O Ensaio Geral separou  críticas  das quatro estreias. Confira: Planeta dos Macacos: A Origem | Crítica por Érico Borgo (Omelete) Macacada reunida na reinvenção de um clássico Ainda que a American Humane Association exista desde a década de 1940, a empresa que outorga o selo "Nenhum animal foi ferido durante as filmagens" às produções em Hollywood não foi capaz de impedir, por exemplo, que um golfinho fosse abatido a tiros de verdade em Flipper (1963). Se depender da Weta Digital de Peter Jackson esses dias de crueldade podem ficar definitivamente para trás. Em Planeta dos Macacos: A Origem (Rise of the Planet of the Apes), prelúdio à conhecida série de ficção científica, a companhia de efeitos visuais realiza um dos mais impressionantes feitos de computação gráfica já vistos nas telas. Cria chimpanzés, orangotangos e gorilas extremamente realistas, que chegam em alguns momentos a fazer o espectador se perguntar se aquilo é mesmo uma criação digital ou um animal de verdade. Menos duvidoso é o protagonista, Cesar. O supermacaco inteligente que batizava o título anterior do filme (Caesar: Rise of the Apes) sofre do chamado "vale da estranheza", termo cunhado para descrever a sensação que se tem ao experimentar algo muito próximo do real, que ao mesmo tempo percebe-se como uma criação artificial. Mas não é possível ter certeza se a sensação de que algo está errado vem do construto 3D ou da impossibilidade natural da criatura, que "respira" graças à tecnologia da Weta mas, muito mais importante, à entrega de Andy Serkis. O olhar humano que se percebe através das feições símias de Cesar causa uma mistura de fascínio e puro terror (e não só o dele... o macaco com a cicatriz é talvez o monstro mais assustador do cinema recente). Serkis, ator que ficou famoso ao viver Golum em O Senhor dos Anéis e que se especializou na técnica da captura de performance, tendo atuado desde então em King Kong e Tintim, é certeiro no equilíbrio entre humanidade e selvageria que dá ao personagem. Seu Cesar é um pit-bull... um animal dócil e companheiro, mas que pode provar-se uma ameaça explosiva em segundos. Com tal performance no centro do palco, deveria ter sido fácil para James Franco, Freida Pinto, Brian Cox, Tom Felton e David Oyelowo reagir ao trabalho de Serkis... mas os personagens humanos do filme curiosamente parecem menos realistas que o macaco. Felizmente, o roteiro dá pouca importância a eles da metade para o fim, deixando a macacada brilhar sozinha. John Lithgow, por sua vez, tem as melhores cenas do filme fora do núcleo símio. É a doença de seu personagem, o Mal de Alzheimer, afinal, que motiva seu filho (Franco) e realizar experiências genéticas em macacos. Cesar é o resultado de um desses testes. É também o pai, um erudito, quem batiza o pequeno chimpanzé como o ditador romano. Em sua cabeceira repousa Julio César, a obra de William Shakespeare - e encontra-se nesse ponto da trama outro dos melhores momentos da produção. Cesar tem inicialmente muito mais de Marcus Brutus, o centro das atenções da peça do escritor inglês, do que traços do ditador. Em meio à ação e ao suspense, afinal, são os conflitos entre honra, lealdade à raça e amizade - que encontram paralelos nos dilemas de Brutus - que movem o protagonista de O Planeta dos Macacos: A Origem. Julio César, general que se tornou conhecido com um dos maiores da histórias, só aflora no herói no terceiro ato. A sequência da batalha da ponte Golden Gate é especialmente brilhante. Na organização de seu exército e nas táticas de César encontra-se a estratégia romana de guerra. Há lanceiros, formações defensivas (o ônibus é a versão moderna do Testudo) e um flanqueamento por três pontos que deve empolgar quem gosta de táticas militares. Trabalhando a partir do roteiro de Rick Jaffa e Amanda Silver, o diretor Rupert Wyatt (The Escapist) transforma a saga iniciada em 1968 em Planeta dos Macacos em algo novo e seu. O reinício ao mesmo tempo homenageia os filmes originais e busca caminhos inéditos para a franquia, jamais parecendo desesperado por continuações ou sequências (ainda que deixe ganchos que vão ao encontro com o que sabemos da série). Wyatt é especialmente bem-sucedido nas sequências em que o drama funciona como um filme de cadeia. Sem diálogos, o diretor consegue apresentar a complexa dinâmica do abrigo para animais de maneira totalmente visual, uma arte perdida no verborrágico e superexplicativo cinema de hoje. Esse talento, aliado às inteligentes sequências de ação, ao visual e ao trabalho de Serkis resultam em uma produção ao mesmo tempo divertida e dotada de níveis de significado. Trata-se da desejada abrangência que Hollywood tanto procura. Ironia pura, considerando que o estúdio responsável, a 20th Century Fox, até o ano passado era o campeão da imbecialização dos blockbusters. Considerando Planeta dos Macacos: A Origem e X-Men - Primeira Classe, Parece que alguém aprendeu a lição por lá... Amor a Toda Prova | Crítica por Marcelo Forlani (Omelete) Muito além da comédia romântica O casamento é uma instituição falida, dizem aqueles que não acreditam no amor. Os que acreditam só dizem "eu te amo". E essa é uma das frases mais ouvidas em Amor a Toda Prova (Crazy, Stupid Love, 2011). Porém, poucas vezes você vai ouvir o tradicional "eu também". Afinal, estamos falando de uma "dramédia-romântica", uma junção muito bem feita dos três gêneros, e que tem justamente na parte dramática a proximidade de uma realidade que poderia ser a sua. Muita coisa no filme não é dita com palavras, mas com gestos, atos ou olhares - e isso só é possível porque o elenco reunido é excelente. No centro da trama está um casal que se acomodou e perdeu o tesão, mas não necessariamente deixou de se amar. Steve Carell, que além de protagonizar também produz o longa, é Cal, um marido que imaginava ter tudo sob controle, até ouvir de sua esposa (Juliane Moore) que foi traído. Seu mundo cai enquanto ele desaba. Mas para provar principalmente a si mesmo que a fila anda, ele começa a ter um treinamento com o maior "pegador" da região, Jacob (Ryan Gosling). A primeira coisa a mudar é o guarda-roupa, jogando fora aquele tênis sem graça e a carteira de velcro, partindo para ternos feitos sob medida e até um novo corte de cabelo. Em seguida - e esta é a parte mais difícil para quem está tanto tempo "fora do mercado" - é preciso mudar a atitude. Jacob é confiante e já tem o seu jogo pronto. Ele não fala de si mesmo e não dá muito tempo também para elas falarem, rapidamente dá o ippon que termina com as suas vítimas saindo dali ao seu lado. A relação dos dois rapidamente extrapola o vínculo entre professor/discípulo, virando uma amizade. Amor a Toda Prova está mais próximo das comédias indies do que das comédias românticas. Ele com certeza tem mais cara de Pequena Miss Sunshine do que qualquer coisa estrelada pela Reese Witherspoon. E apesar de ter essa vertente um pouco mais realista, carrega também o seu lado de humor físico, principalmente em uma das sequências finais, aquela em que os conflitos são resolvidos (ou pelo menos deveriam). Essa mistura toda traz ao filme um frescor, algo que nenhum outro projeto em cartaz atualmente carrega. Seu grande problema é a presença de Marisa Tomei. Ela está repetindo mais o tipo solteirona com problemas emocionais do que Charlie Sheen faz o boa vida. Tudo nela é extremamente caricato, a ponto de perder a graça. Nada, porém, que consiga estragar o filme, que tem ótima química entre Steve Carell e Juliane Moore, é divertido na sua porção Extreme Makeover, mostra o drama adolescente sem infantilizá-lo, brinca com um ícone dos anos 80 e cria situações inesperadas. O drama, a comédia e o romance estão equilibrados na medida certa e podem colocar em xeque os sentimentos das pessoas. No final, apaixonados e desiludidos podem sair do cinema achando que seus sentimentos estavam certos ou completamente errados. E que forma melhor para medir a qualidade de um filme do que ver que ele te faz pensar? Todo Mundo Tem Problemas Sexuais | Crítica por Kadu Silva (CCine10) Uma jóia bruta Muitas são as produções cinematográficas que surge de peças de teatro que fez sucesso, Divã é um bom exemplo disso, mas adaptar teatro para o cinema é uma tarefa difícil, ainda mais quando o espectador já assistiu, e as comparações são inevitáveis. Todo mundo tem problemas sexuais é um filme que surgiu do sucesso da peça de Domingos de Oliveira e Alberto Goldin, onde através de 5 contos é discutidos problemas sexuais de casais de forma bem humorada e o melhor totalmente sem censura. O texto é bom repleto de analogias e sutilezas para falar a fundo sobre muitos dos problemas sexuais que os casais vivem sofrendo por ai, mesmo as vezes exagerando no tom cômico. E para interpretar tudo isso o elenco é muito bom, Pedro Cardoso que para mim sempre é o Augustinho da grande família em todos os seus papeis é o grande destaque dando o tom cômico ideal para cada um dos seus personagens, seu cinismo é de fazer você rolar de rir e a cena final vale o ingresso. Com tudo isso em mão o diretor que é também o autor da peça Domingos Oliveira achou que o filme seria mais bem contado se a magia do teatro tivesse presente no filme, ai você pensa, muito boa a ideia, mas o problema é que tecnicamente não foi bem realizado a transição, pois a captação das imagens e principalmente o som é muito destoantes das cenas filmadas em locações e mais bem produzidas, deixando o filme com o aspecto de não finalizado. Todo mundo tem problemas sexuais é uma jóia que não foi polida para se tornar um bom e recomendável filme, a falhas do filme saltam aos olhos infelizmente. Apesar disso se você optar em encarar o filme ele consegue no final passar a sensação de que valeu a pena passar 80 minutos de frente para a tela, pois o bom texto comandado pela excelente performance de Pedro Cardoso, acaba por superar todas as enormes falhas técnicas que o filme tem. Então se você é fã de teatro e não se importa em ver um filme com aspecto de não finalizado o Ccine recomenda, pois como disse no titulo é uma jóia, infelizmente mal cuidada. Reino dos Felinos | Crítica por Rodrigo Zavala (Cineweb) "Reino dos Felinos" mostra vida selvagem no Quênia Quando transformou seu trabalho de 13 meses seguindo aves na Antártida no delicado "A Marcha dos Pinguins", o biólogo francês Luc Jacquet abriu as portas do cinema para muitos outros cineastas da natureza, por assim dizer. E não se fala, aqui, de documentários sobre a vida natural, gênero de que o próprio Walt Disney foi pioneiro na década de 1940 ("Seal Island", de 1949), mas de uma moderna prática de humanizar os animais retratados. Na produção francesa, por exemplo, o casal de pinguins e seu filhote ganharam vozes de atores para aumentar a carga dramática. Já em "Reino dos Felinos", que estreia exclusivamente na rede Cinemark, os diretores Alastair Fothergill ("Terra") e Keith Scholey preferiram dar nomes e contar à plateia sobre os sentimentos dos tais felinos. Filmado na Reserva Nacional de Masai Mara, no Quênia, este novo documentário da Disneynature mostra o dia a dia da leoa Mara, da mãe guepardo Sita e de Kali, um leão banido de seu grupo, que volta para tomar o lugar do macho alfa. As fantásticas imagens captadas, por si só, valeriam o ingresso. Mas não satisfeitos com o resultado, os diretores resolveram ampliar o drama no texto. Narrado originalmente pelo ator Samuel L. Jackson, o filme torna-se um novelão arrastado, com frases de efeito, muitas delas voltadas ao público infantil. E situações não faltam: a leoa Mara tem uma "mãe" doente, que se sacrifica pela "filha"; motivo suficiente para a máxima "não há laço mais forte do que o de uma leoa com seu filhote". Em outro caso, a fêmea guepardo, Sita, precisa enfrentar todos os perigos que cercam os seus cinco e indefesos filhotes. Mas todo o suspense é quebrado com as intervenções narrativas e seus tolos eufemismos, que trocam "predadores" por "valentões". Em determinado momento, quando uma tartaruga azarada cai nas garras dos filhotes e é praticamente torturada, no texto significa que ela encontrou "novos amigos para brincar". A estreia de "Reino dos Felinos" está casada com o relançamento, agora em 3D, do clássico dos estúdios Disney "O Rei Leão" (1994). Curiosamente, quando colocados lado a lado, a animação parece ser menos infantil do que o documentário. E menos cafona também, o que é uma tarefa bem difícil quando se lembra da música "Circle of Life" na trilha sonora do desenho. Da Redação

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