Festival América do Sul | Da redação | 04/06/2018 09h48

Fasp prepara carta com propostas rumo à Era Cidadã

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Provado e aprovado pela população, que respondeu com grande participação aos eventos e postagens positivas nas redes sociais, o novo modelo do Festival América do Sul Pantanal (Fasp) deve servir como referência conceitual, em estrutura, produção e programação. E vai gerar uma Carta à América do Sul, criando uma agenda cultural dentro do calendário do Mercosul.

“A carta aberta é um desdobramento do Festival, uma reflexão, é uma carta da Era Cidadã, para criar um antagonismo à barbárie, à violência, à antidemocracia”, destacou o secretário de Estado de Cultura e Cidadania, Athayde Nery, ao fazer o balanço do 14º Fasp. Respeito, democracia e paz. Este foi o tripé de valores transmitidos pelo titular da SECC durante o Festival.

“O Festival é uma trincheira voltada para construir relações humanas, superar as fronteiras. Fizemos história em Corumbá, Ladário, Puerto Quijarro e Puerto Suarez, as prefeituras dessas cidades estiveram totalmente engajadas no festival”, acrescentou o secretário.

Athayde citou o incentivo às relações internacionais, com a participação do ministro da Cultura do Paraguai, Fernando Griffith, bioquímico, professor e palestrante no Seminário Cultura e Cidadania, e do jornalista colombiano Jorge Melguizo, ex-secretário de Cultura e Cidadania de Medellin, que usou a cultura como arte de transformação social e ajudou a reduzir os índices de violência na cidade colombiana, de 360 casos (por cada cem mil habitantes) para 39 casos em uma década.

O Fasp deste ano optou por um intenso investimento na educação ao criar o Circo da Cultura e Cidadania (CCC), no Porto Geral, onde cerca de 500 alunos da rede pública de Corumbá, Ladário e cidades bolivianas vizinhas apresentaram coreografias em homenagem aos países sul-americanos, além dos shows do Circo de Medellin, Colômbia. No mesmo local os melhores desenhos, poesias e vídeos do concurso “Soy Loco Por ti, América” foram premiados com celulares e bicicletas.

Corumbá possui cerca de 10 mil alunos matriculados na rede pública e Ladário outros 1.300. Grande parte deles conseguiu participar do Festival. O envolvimento dos estudantes foi um diferencial no Fasp, tanto no CCC como no Quebra-torto com Letras, que reuniu no Instituto Moinho Cultural nomes de destaque da literatura regional, nacional e internacional.

“Fiquei feliz em receber a atenção dos estudantes e poder divulgar meu trabalho”, ressaltou a escritora e artista visual corumbaense Marlene Mourão, a Peninha. A valorização do escritor, do artista, do artesão e da mão de obra locais proporcionou uma mobilização mais intensa na Cidade Branca, que se sentiu protagonista e engajada no festival: 60% dos participantes foram corumbaenses e ladarenses.

O diretor-presidente da Fundação de Cultura e Patrimônio Histórico de Corumbá, Joilson Silva da Cruz, lembrou que a realização de uma audiência contribuiu para novo modelo. “Tivemos uma diagnóstico sobre as necessidades e demandas locais”, acentuou. A diversidade cultural e étnica esteve presente na figura do Brô MC’s, grupo de rap indígena da aldeia Jaguapiru Bororo, de Dourados, que subiu ao Palco Integração antes do show de Criolo. E no painel Guató Povo das Águas, com os professores Jorge Eremites e Giovani Silva. Ou no Seminário Itan Otito Wa – Nossa Verdadeira História, um debate sobre nossas origens.

Martinho da Vila, Criolo, Daniela Mercury, Roberta Miranda, cada um a seu modo, cantaram a felicidade e contribuíram para levar mensagens de amor, sempre diante de um grande público em torno do Palco Integração. O rapper Criolo deixou esses versos da música Ainda há Tempo: “Não quero ver você triste assim, não. Que a minha música possa te levar amor.”

Repórter Terena no festival

Antes ignorados, agora protagonistas. Assim passou a ser o envolvimento indígena no Fasp. Não bastasse a Tenda dos Saberes em que as principais etnias mostraram ou venderam seus artesanatos – entre elas Catarina Guató, pioneira nas confecções com base na fibra de aguapé – eles também se destacaram na reportagem do evento. Nas oficinas, seminários, nos bastidores dos shows, ou seja, lá onde tivesse a notícia, lá estava o incansável Sidney Terena, microfone em punho, em mais uma reportagem para a webtevê Via Morena, de Campo Grande.

Formado em Comunicação em 2011 na UCDB, ele apresenta o programa “A Voz Indígena”. Em Corumbá, contou com o apoio do cinegrafista Edson de Souza, da mesma etnia, e do assistente Genilson Kinikinawa. “O que você não vê na TV aberta vai ver na Via Morena”, assegurava Sidney Terena. Um inédito olhar indígena no FASP. Endereço: viamorena.com

Nossa Senhora do Pantanal

Na noite em que finalmente cantou ao lado da dupla Tostão e Guarany, no show Memórias, domingo, no Palco Integração, o violeiro campo-grandense Aurélio Miranda prestou homenagem a um velho parceiro, o compositor corumbaense Sandro Nemir, com quem divide a autoria da canção “Nossa Senhora do Pantanal”. Nemir cedeu os versos a Aurélio durante uma visita do violeiro a Corumbá. Aurélio aprovou, fez a melodia e gravou a composição, que se tornou um de seus maiores sucessos.

No show, Aurélio chamou o compositor ao palco para juntos cantarem o hit regional. Um dia antes, Sandro Nemir, de 75 anos, era homenageado na Festa do Samba “Canta Corumbá” por seu trabalho de 53 anos como compositor na Cidade Branca. Ele gravou o CD “50 anos de Folia Corumbaense” com seus principais sucessos. O próximo passo é uma música para celebrar os 240 anos de Corumbá em setembro. E, claro, novos sambas enredo para o Carnaval 2019.

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