A Prefeitura de Campo Grande entrega nesta terça-feira (27) a revitalização do Memorial da Cultura Indígena, feita em parceria com o Governo do Canadá, que tem por objetivo fomentar as parcerias entre as comunidades indígenas e mulheres do Mato Grosso do Sul e o país da América do Norte.

A inauguração contará com a presença do embaixador do Canadá no Brasil, Riccardo Savone, que vem à Capital acompanhado de uma delegação composta por representantes de mulheres indígenas do Canadá e do corpo diplomático da Embaixada do Canadá em Brasília.

A cerimônia acontece às 9 horas, mas o dia será repleto de atividades. Entre elas, destaque para o seminário “Seno Kopenoti”, das 15 às 17 horas, que visa a troca de experiências entre mulheres indígenas da região de Campo Grande e uma representante das primeiras nações do Canadá, buscando principalmente o empoderamento das mulheres.

O Canadá apoiou a revitalização com recursos do “Fundo Canadá para Iniciativas Locais”, que financia projetos em áreas prioritárias do país, como direitos humanos, diversidade e inclusão e empoderamento de comunidades indígenas e mulheres.

O projeto é uma parceria com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (SECTUR), que promoverá a reabertura do Bazar de Artesanato e a realização de cursos contínuos de Dança, Música e Artes Indígenas para todas as comunidades de Campo Grande, e a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres (SEMU), que dará continuidade ao programa de qualificação da população indígena urbana do Município.

A empresa MRV contribuiu com as tintas para a pintura do prédio. Além disso, o Memorial será inaugurado com um novo mural de 30 metros de extensão, produzido pela artista plástica canadense Fanny-Pierre Galarneau com jovens indígenas. Esse mural representa a união das culturas indígenas canadenses e brasileiras e homenageia a figura de Enir Bezerra, a primeira cacique mulher do Brasil e fundadora da Aldeia Urbana Marçal de Souza.

Programação

A programação do dia contará com apresentações culturais das comunidades da cidade. O evento terá início com a execução dos Hinos Nacionais do Brasil e Canadá, seguida pelo Hino de Campo Grande, apresentados pelos alunos da Escola Municipal Sulivan Silvestre, localizada na Aldeia Urbana Marçal de Souza, também chamada “Tumune Kalivono”, que no idioma Terena significa: “Crianças do Futuro”.

Na sequência, haverá a apresentação da Orquestra Infantil da Fundação Ueze Zahran, com as crianças indígenas da Comunidade do Jardim Noroeste, regidas pelo Maestro Eduardo Martinelli. Após os pronunciamentos oficiais do Embaixador do Canadá, do Prefeito Municipal de Campo Grande, do Representante do Comitê Inter-Tribal Memória e Ciência Indígena e do Cacique Daniel da Silva, da Aldeia Urbana Marçal de Souza, haverá uma apresentação da Dança Terena Masculina, “Hiyokena hoyeno terenoe”, conhecida como a Dança do Bate-Pau e da Dança Terena Feminina, “Hiyokena seno hiro terenoe”.

Após o descerramento da Placa Inaugural pelas autoridades, acontece o lançamento do livro “Comidas, Mulheres e Memórias Terena” da escritora e pesquisadora Dulce Lopes Barbosa Ribas, nutricionista e pós-doutora em Antropologia pela Saúde, visita à exposição de Artesanato Terena – Guarani Kaiowá e Kadiwéu e da exposição de telas com temática indígena da artista plástica Andréa Luz, além da desgustação de pratos típicos da etnia Terena.

As festividades do dia serão encerradas com o Seminário “Seno Kopenoti”, cujo objetivo é a troca de experiências das mulheres dos grupos indígenas Terena, Kadwéu e Guarani com a indígena canadense Carrington Christmas, pertencente a uma das primeiras nações Mi’kmaw e representante da Associação de Mulheres Nativas do Canadá (NWAC).

A Adeia

A Aldeia Urbana Marçal de Souza, com 135 casas abriga, em Campo Grande, uma comunidade de índios Terena, sendo a primeira do gênero a ser construída no Brasil. O nome é uma homenagem ao índio Guarani Kaiowá, defensor dos direitos de seu povo, assassinado na Aldeia Campestre, no Sul do Estado, em 1983. A Aldeia Urbana surgiu pela força da liderança da índia Terena Enir Bezerra da Silva, a primeira cacique mulher do país, falecida em junho de 2016.

O Memorial da Cultura Indígena foi criado em 30 de Agosto de 1999, como um centro de valorização e promoção das etnias presentes em Campo Grande. No período de 2012 a 2016 sofreu um processo de degradação. Em 1º de Janeiro de 2017, o Memorial foi transferido para a recém-criada Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, SECTUR.

A Subsecretaria da Mulher, SEMU, também ligada à Prefeitura Municipal de Campo Grande, passou a promover cursos de economia doméstica às mulheres da Aldeia Urbana Marçal de Souza. Com a visita do Embaixador Savone a Campo Grande, em março de 2017, para abrir o seminário “Ancestralidade: mulher e sábios indígenas’ foi discutido a revitalização do Memorial da Cultura Indígena, que foi realizada com recursos do Fundo Canadá.