Mercedes Sosa deixa "saudades" para a música latina

"Gracias a la vida que me ha dado tanto Me ha dado la marcha de mis pies cansados Con ellos anduve ciudades y charcos" A Argentina e o mundo se despediram na tarde dessa segunda-feira (05/10) de Mercedes Sosa, 74 anos de idade e 60 de carreira. Em uma despedida marcada pela música, milhares de fãs cantaram durante todo o traslado do corpo até o cemitério La Chacarita, dentre sucessos de Mercedes, como “Luna tucumana” e “Solo le pido a Dios”. Faziam sua última homenagem, pedindo: “No se va, la Negra no se va”. Ela que nasceu em San Miguel de Tucumán no dia 9 de julho de 1935 e faleceu no último domingo, 4 de outubro, em Buenos Aires.  Segundo o site do Ministério da Cultura do Brasil, o apelido "La Negra" veio devido à ascendência amerindia e não pelos seus longos cabelos negros. Além de ser conhecida como a voz dos "sem voz". A cantora, que conquistou grande apelo popular na América Latina, possui raízes na música folclórica argentina e se tornou uma das expoentes do movimento conhecido como Nueva Canción. O repertório de  Mercedes Sosa também foi marcado por forte compromisso social, uma artista da resistência política, principalmente no período da ditadura militar, nos anos 70 e 80, quando se tornou conhecida internacionalmente. "Irmão, me dá tua mão vamos juntos buscar uma coisa pequenina que se chama liberdade" Parcerias - No Brasil, a argentina teve uma relação intensa, marcada por duetos com Milton Nascimento, Chico Buarque, Caetano Veloso, Vinícius de Moraes, Fagner, Beth Carvalho e Gal Costa. Segundo o ministro da Cultura, Juca Ferreira, “Mercedes Sosa nos fez reconhecer em nossa unidade, enquanto povo latino-americano. Ela cantou nossas raízes comuns, também cantou por um destino comum, compartilhado e legítimo de um povo latino. Sua relação marcante com o Brasil é exemplo disso. No ano passado, homenageamos Mercedes com a mais alta condecoração do governo brasileiro, a medalha Grã-Cruz, da Ordem do Mérito Cultural”. Segundo o Jornal O Globo, as cinzas de Mercedes Sosa serão espalhadas pela capital de Buenos Aires e pelas províncias de Tucumán, onde nasceu, e Mendoza, onde começou a carreira. O recado de Mercedes Sosa, ao filho antes de morrer, foi para seguir sempre em frente com amor, liberdade, democracia e solidariedade. Homenagem escrita pela amiga Teresa Parodi: “Mercedes, oração amorosa, mãe, mulher da América ferida, tua canção nos põe asas e faz com que a pátria toda e desolada não morra ainda" porque sempre cantarás em nossas almas”.     Por Rosália Silva Foto: Divulgação