Homenagem | Da Redação/Com Campo Grande News | 06/12/2012 12h58

O legado de Oscar Niemeyer para Campo Grande

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O Brasil perdeu hoje um dos arquitetos mais importantes e influentes do País, um dos responsáveis por fazer de Brasília uma das capitais mais modernas do mundo. Oscar Niemeyer se foi, mas a lembrança do homem perseverante, que sempre estava pensando no trabalho e que lutou até os 104 anos, ficará eternizada no tempo, nos marcos deixados por ele.

Inaugurada na década de 50, a Escola Estadual Maria Constança de Barros Machado, localizada no bairro Amambaí, é a única obra projetada pelo arquiteto em Campo Grande. São 9 salas que funcionam nos três períodos e comportam 680 alunos, da 8ª série ao 3º ano do ensino médio.

O colégio fica na rua Marechal Candido Mariano, nas proximidades da antiga rodoviária da cidade. Os traços modernos, pensados há meio século, chamam a atenção de quem passa pelo local e até hoje – 58 anos após a inauguração - aguça a curiosidade de muita gente.

A fachada lembra um livro aberto. Um palito branco, posicionado na entrada, traz a idéia de um lápis. No interior, o corredor extenso traz à mente uma régua. O auditório, construído na parte da frente, representa um mata-borrão. Do alto, em fotográfias aéreas, é possível notar que os itens que costumavam compor o material escolar da época ficam ainda mais em evidência.

Estudo feito pelo arquiteto Ângelo Arruda, publicado no site oficial da escola, mostra que o prédio é considerado um marco na arquitetura de Campo Grande.

De acordo com o documento, o projeto inicial previa construção em Corumbá, na fronteira com a Bolívia, a 419 quilômetros da Capital, mas por determinação de Fernando Correa da Costa, à época governador de Mato Grosso, a obra foi levantada aqui.

O lote onde o edifício foi implantado é um quarteirão de 12.000 m², de formato retangular, que mede 100,00 x 120,00 m.

“O projeto de Niemeyer optou por uma composição multivolumétricas, com diversas partes que, unidas por elementos de arquitetura – passarelas cobertas, circulações, pisos -, formam um todo arquitetônico”, diz trecho do estudo.

Uma das partes altas do projeto de Niemyer, evidenciada pelo pesquisador, foi a fachada, que ele considera uma característica forte e marcante do edifício. "Elas são diferentes, ao serem vistas de todos os ângulos", escreveu.

A última reforma no prédio, com recursos do governo Estadual, foi feita este ano e custou R$ 148,5 mil. As obras consistiram em reparos nas instalações elétricas, hidrossanitárias e pintura. A estrutura e as cores originais foram mantidas.

À noite, a iluminação, que deu uma nova cara à unidade escolar, garante um espetáculo à parte. As paredes brancas da fachada refletem as cores da bandeira do Estado.

Reconhecimento - Frente às outras escolas públicas da cidade, a Maria Constança se destaca, primeiro pela arquitetura, depois pela qualidade do ensino, elogiada pelos alunos.

Diretor há 1 ano, Anderson Soares Muniz, de 36 anos, garante que o a preocupação do colegiado é garantir o bom ensino e inovar a cada ano, se adaptando às mudanças tecnológicas. O resultado já é visível nas salas de aula.

Em duas delas, o PJF (Programa Jovem do Futuro), do Instituto Unibanco, garantiu a instalação de lousas digitais. Professor de história, Francisco Fagundes, de 43 anos, já usufruiu do benefício.

O equipamento, explicou, altera positivamente a forma de ensino considerada tradicional e proporciona uma nova “atração” ao aluno, resultando no melhor aprendizado dos estudantes.

Professor gerenciador de recursos midiáticos e tecnologia, Thiago Vaz, de 29 anos, explica que o aspecto vanguardista, tão presente nas obras do arquiteto que projetou a escola, é uma das preocupações da direção.

Proporcionar acesso às novas tecnologias será uma realidade cada vez mais constante, afirmou. “A proposta da escola é inovação. Por isso levamos para dentro da sala aplicativos diferenciados”, disse.

Quem usufrui dos serviços educacionais tece elogios. Aluna do 2º ano, Priscilla de Figueiredo Araujo, de 17 anos, resolveu estudar no Maria Constança após receber indicação de uma amiga.

Agora, quer terminar o ensino médio na escola que ela considera diferente, pela arquitetura moderna. A quadra de vôlei, construída embaixo do que parece ser um livro aberto, é o local que mais chama a atenção da adolescente.


Aluna do 9º ano, Jaqueline Brandão, de 15 anos, destaca o mesmo espaço e diz que a escola se diferencia das outras que fequentou até agora.

Sem eleger qualquer parte do colégio como predileta, Francisco, o professor de história, fez uma análise mais ampla e significativa do edifício pensado por Niemeyer: “É um prédio que foi projeto visando a vida escolar, o mundo escolar”.

Na equipe de limpeza da escola há 12 anos, Neuza Antoniazzi, 53, diz que o prédio tem reconhecimento histórico na cidade e se orgulha de trabalhar ali. "É como estar em família", explicou.

Para a zeladora, o  fato do colégio ter sido projetada por Niemeyer faz toda a diferença. “Muita gente passou por aqui e tem orgulho de dizer que estudou aqui”, disse.

A Escola Estadual Maria Constança de Barros Machado foi inaugurada no dia 26 de agosto de 1954, aniversário de Campo Grande. Em 1995, o edifício foi tombado como Patrimônio Histórico Estadual.

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