Inscrições | Jeozadaque | 16/04/2012 13h02

Rap do Brô MC´s, criado nas aldeias de Dourados, chega ao TV Xuxa

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Os meninos são unanimidade entre pessoas que incorporaram a questão indígena como causa. Cantam rap em guarani, o que não é importante pelo aspecto curioso, mas pela qualidade sonora e letras engajadas. O trabalho do “Brô MC’s” é bom e já tinha o reconhecimento explícito nas redes sociais, foi uma das atrações na posse da presidente Dilma Rouseff, do show de Milton Nascimento e continua chegando longe. Será apresentado na emissora de TV de maior audiência do País, no programa da “rainha” Xuxa, o que para o grupo tem um valor, inclusive, sentimental. “Ela é muito bonita e pensa só, ver a Xuxa agradecendo pela participação da gente e falando bem do nosso trabalho”, comenta Clemerson Batista, um dos integrantes do grupo criado dentro das aldeias de Jaguapirú e Bororó, em Dourados. A gravação vai ao ar amanhã, para marcar a Semana do Índio. “Estar lá (no programa) foi um grande passo para o grupo e para os povos indígenas do Brasil, ver todos curtindo e cantando a nossa língua Guarani foi emocionante”, lembra o rapper Bruno Veron. Os rapazes, agora com reforço da voz feminina de Dani Muniz, conseguem cantar um ritmo super urbano, sem deixar de ser índios. São exemplos de como quem vive a aldeia pode utilizar linguagens contemporâneas e ao mesmo tempo fortalecer a cultura tradicional. Para o programa, o figurino foi preparado graças a empréstimos de amigos. Dani, por exemplo, teve a produção de um amiga que em Campo Grande comprou um vestido da “Maria do Povo”, assinado por Kelly Garcia. “Foi uma grata surpresa, nada planejado. Além de gostar muito do trabalho deles, que ficou ainda melhor com a voz feminina da Dani, ver um vestido meu na Xuxa é maravilhoso”, comemora Kelly. Juntos - Bruno, Clemerson, Charlie Peixoto, Kelvin Peixoto, Deejay Gio Marx e Dani formam o primeiro grupo de rap indígena do Brasil, criado em 2008, por isso despertam tantos interesses e não decepcionam. “Eju Orendive”, a música mais executada do grupo no Youtube é a síntese do trabalho. O clipe, gravado pela Cufa (Central Única das Favelas) mostra jovens índios com o rap no meio da aldeia, entre muitos rostos indígenas. Ao invés dos carrões e motos potentes dos rappers norte-americanos, o Brô MC’s aparece em bicicletas. A letra também é de protesto, fala de preconceito, de discriminação, de falta de oportunidades, e de como é ser invisível em uma sociedade onde índio não é tratado como gente por muitos. “Chego e rimo o rap guarani kaiowá. Você não consegue me olhar e se me olha não consegue me ver”, revela a tradução. Mas os meninos também deixam boas mensagens. “Vamos nós todos, índios, festejar. Vamos mostrar para os brancos que não há diferença e podemos ser iguais”. O antropólogo Diógenes Cariaga reafirma que o maior mérito do Brô MC’s é se adequar sem deixar de ser índio” e para exemplificar isso cita trecho de outro rap do grupo: “Agora nossa rima vai em guaxiré”, dança tradicional guarani kaiowá. Com essa mescla, o que os meninos querem mostrar é que “nós somos índios e nossa voz nunca vai se calar”, repete Bruno. Da Redação/Com Campo Grande News

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