Manchete | Jeozadaque | 25/07/2008 12h31

Homenagem ao dia do "Escritor"

Compartilhe:

Escritor é o artista que se expressa através da arte da escrita, ou, tradicionalmente falando, se expressa através da Literatura. É autor de livros publicados, embora existam escritores sem livros publicados, considerados escritores amadores, o que não tira o título de escritor. Para ser um escritor não é preciso criar apenas livros que falem de um determinado assunto, ou que sejam de um estilo específico. O profissional que escreve romances, livros de auto-ajuda, jornalísticos ou uma bela obra de poesia também é considerado um escritor. A literatura brasileira é rica no assunto, pois possui vários astros que se destacaram na arte, como o carioca Joaquim Maria Machado de Assis, mais conhecido por seu sobrenome “Machado de Assis”, que foi o autor de poesias, contos, romances e até de peças teatrais, um artista completo. No Mato Grosso do Sul também existem ótimos escritores, como o poeta cuiabano Manoel Wenceslau Leite de Barros, popularmente conhecido como “Manoel de Barros”, autor de 22 livros de poesias. Quando se fala de escritores, não se deve esquecer da primeira mulher a ingressar na “Academia Brasileira de Letras”, a fortalezense Raquel de Queiroz, que foi autora de mais de 23 livros. Suas obras foram traduzidas para alemão, francês, inglês e até para o idioma japonês. Além de Machado de Assis, Manoel de Barros e Raquel de Queiroz, o Brasil possui outros escritores que não poderiam deixar de serem lembrados como Guimarães Rosa, Clarice Lispector, José de Alencar, Luís Fernando Veríssimo, Monteiro Lobato, Manoel Antônio de Almeida, Joaquim Manuel de Macedo, Olavo Bilac, Jorge Amado, Paulo Coelho, Zélia Gattai entre outros. Em comemoração ao dia do escritor, o site de cultura regional “Ensaio Geral”, pesquisou a biografia do escritor Manoel de Barros, como forma de homenagem a todos os escritores sul-mato-grossenses e brasileiros por contribuírem com a cultura literária. Manoel de Barros Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá, no Beco da Marinha, em 19 de dezembro de 1916. Mudou-se para Corumbá, onde fixou-se de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense. Atualmente mora em Campo Grande. É advogado, fazendeiro e poeta. Com oito anos foi para o colégio interno em Campo Grande, não gostava de estudar até descobrir os livros do padre Antônio Vieira, "A frase para ele era mais importante que a verdade, mais importante que a sua própria fé. O que importava era a estética, o alcance plástico. Foi quando percebi que o poeta não tem compromisso com a verdade, mas com a verossimilhança”, diz Manoel. Um bom exemplo da fala do poeta está em um verso de sua autoria que diz, "A quinze metros do arco-íris o sol é cheiroso”.E quem pode garantir que não é? "Descobri que servia era pra aquilo: Ter orgasmo com as palavras”, brinca o escritor. Escreveu seu primeiro poema aos 19 anos, mas sua revelação poética ocorreu aos 13 anos de idade quando ainda estudava no Colégio São José dos Irmãos Maristas, no Rio de Janeiro, cidade onde residiu até terminar seu curso de Direito. Mas, o sentido total de liberdade veio com "Une Saison en Enfer" de Arthur Rimbaud (1854-1871), logo que deixou o colégio. Foi quando soube que o poeta podia misturar todos os sentidos. Conheceu pessoas engajadas na política, leu Marx e entrou para a Juventude Comunista. Seu primeiro livro, aos 18 anos, não foi publicado, mas salvou-o da prisão. Havia pichado "Viva o comunismo" numa estátua, e a polícia foi buscá-lo na pensão onde morava. A dona da pensão pediu para não levar o menino, que havia até escrito um livro. O policial pediu para ver, e viu o título: "Nossa Senhora de Minha Escuridão". Deixou o menino e levou a brochura, único exemplar que o poeta perdeu para ganhar a liberdade. Alguns anos depois, já formado advogado, Manoel de Barros conheceu a mineira Stella, em um passeio pelo Rio de Janeiro, se casaram três meses depois. Seu primeiro livro  foi publicado no Rio de Janeiro, há mais de sessenta anos, e se chamou "Poemas concebidos sem pecado". Foi feito artesanalmente por 20 amigos, numa tiragem de 20 exemplares e mais um, que ficou com ele. Nos anos 80, Millôr Fernandes começou a mostrar ao público, em suas colunas nas revistas Veja, Isto é e no Jornal do Brasil, a poesia de Manoel de Barros. Outros fizeram o mesmo, como Fausto Wolff e Antônio Houaiss. Os intelectuais iniciaram, através de tanta recomendação, o conhecimento dos poemas que a “Editora Civilização Brasileira” publicou, em quase a sua totalidade, sob o título de "Gramática expositiva do chão". Hoje o poeta é reconhecido nacional e internacionalmente como um dos mais originais do século e mais importantes do Brasil. Guimarães Rosa, que fez a maior revolução na prosa brasileira, comparou os textos de Manoel a um "doce de coco". Foi também comparado a São Francisco de Assis pelo filólogo Antônio Houaiss, que disse: "Na humildade diante das coisas. (...) Sob a aparência surrealista, a poesia de Manoel de Barros é de uma enorme racionalidade. Suas visões, oníricas num primeiro instante, logo se revelam muito reais, sem fugir a um substrato ético muito profundo. Tenho por sua obra a mais alta admiração e muito amor”. Segundo o escritor João Antônio, a poesia de Manoel vai além: "Tem a força de um estampido em surdina. Carrega a alegria do choro”. Millôr Fernandes afirmou que a obra do poeta é “única, inaugural, apogeu do chão”, e Geraldo Carneiro afirmou "Viva Manoel violer d'amores violador da última flor do Laço inculta e bela. Desde Guimarães Rosa a nossa língua não se submete a tamanha instabilidade semântica". O poeta foi agraciado com o “Prêmio Orlando Dantas” em 1960, conferido pela Academia Brasileira de Letras ao livro “Compêndio para uso dos pássaros”. Em 1969 recebeu o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal pela obra “Gramática expositiva do chão” e, em 1997, o "Livro sobre nada” recebeu o  Prêmio Nestlé, de âmbito nacional. Em 1998, recebeu o Prêmio Cecília Meireles (literatura/poesia), concedido  pelo Ministério da Cultura. Obras 1937 — Poemas concebidos sem pecado 1942 — Face imóvel 1956 — Poesias 1960 — Compêndio para uso dos pássaros 1966 — Gramática expositiva do chão 1974 — Matéria de poesia 1982 — Arranjos para assobio 1985 — Livro de pré-coisas (Ilustração da capa: Martha Barros) 1989 — O guardador  das águas 1990 — Poesia quase toda 1991 — Concerto a céu aberto para solos de aves 1993 — O livro das ignorãças 1996 — Livro sobre nada (Ilustrações de Wega Nery) 1998 — Retrato do artista quando coisa (Ilustrações de Millôr Fernandes) 1999 — Exercícios de ser criança 2000 — Ensaios fotográficos 2001 — O fazedor de amanhecer 2001 — Poeminhas pescados numa fala de João 2001 — Tratado geral das grandezas do ínfimo (Ilustrações de Martha Barros) 2003 — Memórias inventadas - A infância (Ilustrações de Martha Barros) 2003 — Cantigas para um passarinho à toa 2004 — Poemas rupestres (Ilustrações de Martha Barros) Fonte: Com informações do site Releituras

VEJA MAIS
Compartilhe:

PARCEIROS