Além dos horrores da guerra entre Bolívia e Paraguai, o leitor desvenda Dolores, a ribeirinha dos olhos verdes, uma dama faminta pelo desejo de experimentar o amor verdadeiro

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Literatura | Ayanne Gladstone | 08/08/2022 09h41

Jornalista Luiz Taques lança em Corumbá livro sobre Guerra do Chaco e amores fracassados

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O Movimento dos Artistas de Rua de Londrina (MARL) recebeu no dia 9 de julho o lançamento do livro “Aposto que você nem sabia do namoro dela com um ex-combatente da Guerra do Chaco”, do jornalista e escritor corumbaense Luiz Taques. No último sábado (6), foi a vez da cidade sul-mato-grossense receber a edição bilíngue sobre a melancolia do amor e a Guerra do Chaco. A Praça Nossa Senhora de Urkupinã, em Corumbá, foi palco para o lançamento de Taques, que revisitou sua cidade natal pronto para contar uma nova história. 

Com crueza e delicadeza, Taques nos apresenta à Dolores, a ribeirinha dos olhos de Esmeralda, uma mulher livre e indomável, no entanto, com fome de um amor arrebatador que lhe roube o oxigênio. Entre parágrafos fluídos e envolventes, o leitor mergulha de cabeça na carne de Dolores e desvenda sua série quase interminável de amores fracassados e, ao mesmo tempo, movidos pela esperança de encontrar, no corpo de homens egocêntricos e boçais, o amor de verdade, daqueles que não tem data para acabar.

O leitor se mantém desesperançoso com sua busca pela felicidade até que, numa reviravolta de perspectivas, Dolores esbarra em Ramiro, um ex-combatente da Guerra do Chaco, uma batalha entre Bolívia e Paraguai nos anos de 1932 a 1935. A disputa sangrenta em solo chaquenho desencadeou o maior conflito da América do Sul.

Com seu novo amor a tiracolo, Dolores acolhe as histórias de Ramiro sobre os horrores da guerra, que dilaceraram milhares de pessoas e transformaram soldados fatigados em bestas reduzidas à sede. Com a enlouquecedora falta de água, a moral é derrotada e cuspida sobre aqueles cadáveres da guerra.

“Aposto que você nem sabia do namoro dela com um ex-combatente da Guerra do Chaco” ganha a ilustração da artista paranaense Elisabete Ghisleni, que representa com aconchego e inquietude, a figura divina e irresistível de Dolores. A história também possui a aguçada tradução para o espanhol de Ahmad Schabib Hany, tradutor de "Águas", de Manoel de Barros.

Elisabete Ghisleni trabalha com o "Divino Feminino" em suas obras (Foto: Divulgação/Luiz Taques)

Como um jornalista premiado e arrebatado pela arte da escrita, Luiz Taques também escreveu “Bebinho, Mamadinho e o velório de Bafo de Alho”, “O casamento vai acabar com o poeta”, “A história de Zé Vida de Barraca”, “Tereza é meu nome” e “Mulas”.

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