Mosaico | Jeozadaque | 25/06/2011 14h50

Festa de São João ajuda a manter cultura do cururu e do siriri

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A penúltima noite do Arraial do Banho de São João teve como principal atração o segundo Encontro de Cururueiros do Pantanal. No palco montado na Ferradura do Porto Geral, 14 "senhores" mostraram toda a alegria, descontração e animação que fazem do ritmo um dos mais fortes símbolos da cultura local. Vestidos a caráter, onde o chapéu e o lenço no pescoço são acessórios obrigatórios, o grupo apresentou o som rústico que animava as festas pantaneiras durante as décadas passadas, principalmente em Corumbá e Cuiabá, capital do Mato Grosso, onde a viola-de-cocho é instrumento marcante na cultura dos dois municípios.
Para o segundo encontro organizado pela Fundação de Cultura e Turismo do Pantanal, tocadores de diversas regiões se juntaram para "brincar" a música, verbo que eles preferem utilizar quando se referem ao cururu. "Aprendi ainda menino com meus pais. Sempre toquei com minha família e hoje é uma satisfação participar deste momento", comentou Antônio Roberto da Costa, 50 anos, morador da aldeia indígena Uberaba, localizada na divisa entre o Mato Grosso e a Bolívia, cerca de 350 quilômetros da área urbana de Corumbá.
Empunhando um ganzá fabricado artesanalmente de taquara, ele relembrou o período em que o cururu era comum por toda a região e lamentou que este costume esteja praticamente restrito entre os "mais antigos". Para tentar mudar esta realidade, ele ensina seu filho Nivaldo, de 16 anos, as "manhas" dos instrumentos. "Ele toca bem o ganzá e o mocho - uma espécie de bumbo bem parecido com uma cadeira - e está aprendendo a mexer na viola", contou seu Antônio.
Nivaldo era um dos poucos jovens entre os músicos. "Falta mesmo aprender a cantar", observou o adolescente, também residente na aldeia. A outra figura destoante entre os cururueiros era Everaldo dos Santos Gomes, 25, que trabalha justamente com a popularização do cururu na Casa de Cultura Luiz de Albuquerque (ILA). O mais experiente entre os tocadores era Seu Agripino Magalhães, 92 anos, um dos grandes mestres desta arte em todo o País.
"O cururu é um símbolo da cultura sul-mato-grossense. É orgulho para Corumbá ter esta manifestação cultural tão singular. Conseguimos reunir nesta noite mestres de várias regiões do Pantanal, do Castelo e até do Amolar. É uma grande satisfação e um ensinamento para todos nós", afirmou Heloísa Urt, diretora-presidente da Fundação de Cultura e Turismo, agradecendo a presença dos músicos no evento.
Siriri
Apesar da presença de dona Maria Silva, tocadora de mocho, o cururu é historicamente dominado pelos homens. A compensação vem no siriri, dança típica que acompanha o ritmo pantaneiro. No Arraial Banho de São João, a apresentação ficou por conta dos alunos das escolas Caic-Padre Ernesto Sassida, Cássio Leite de Barros e da Oficina de Dança do Pantanal. Esta aproximação entre os mestres cururueiros e o público jovem é o grande objetivo do encontro.
"Temos que manter viva esta tradição. E só trazendo os jovens, despertando neles este sentimento de preservação de sua cultura e história, é que conseguiremos isto", destacou Heloísa. A Fundação agora planeja a realização de uma reunião entre os dançadores de siriri e a expansão das oficinas da dança nas escolas da Rede Municipal de Ensino (Reme).
Da Redação

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