Museu | O Estado MS | 16/03/2017 13h49

No papel: Museu da Ferrovia segue sem execução

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Esplanada Ferroviária deveria abrigar o Museu da Ferrovia mas até hoje seu projeto não saiu do papel. Esplanada Ferroviária deveria abrigar o Museu da Ferrovia mas até hoje seu projeto não saiu do papel. (Foto: Saul Schramm)

A história de Mato Grosso de Sul e de Campo Grande está intimamente ligada à antiga EFNOB (Estrada de Ferro Noroeste do Brasil), que na Capital estava localizada onde hoje fica a Esplanada Ferroviária. A ferrovia foi responsável pelo movimento de imigração e consequente popularização da cidade pelos japoneses, libaneses e paraguaios. Pouca gente sabe da importância desse espaço que abrigou grande parte da narrativa de vida de povos que hoje formam a cultura do Estado. Os sul-mato-grossenses perdem pela falta de espaços públicos que contem esses causos, como os museus.

Na região histórica da Esplanada era proposto que existisse o Museu da Ferrovia, um projeto que teve origem por conta do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Cidades Históricas lá pelo ano de 2010. Na época, o arquiteto e museógrafo de São Paulo, Nivaldo Vitorino, criou todo um projeto para o espaço. “O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) condicionou que toda aquela parte deveria ser restaurada pra abrigar o museu, inclusive foi assinado um contrato”, explica. Quando foi orçado, em 2012, o custo para ser executado por profissionais de São Paulo, era de R$ 700 mil.

O arquiteto assinou a criação do museu no governo do ex-prefeito Nelsinho Trad. “Já havia entregue todos os desenhos técnicos e o projeto rudimentar para o Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano). Estava tudo certo para começar a movimentação, mas com a mudança do prefeito, a obra não foi tida como prioridade”, conta ele.

Nivaldo tem uma trajetória profissional especial com o Estado. Ele foi o responsável pelo Projeto do Muhpan (Museu de História do Pantanal), localizado na cidade de Corumbá, e pelo Projeto Museu Interativo da Biodiversidade do Pantanal de Campo Grande que ainda não saiu oficialmente do papel pois fica no famigerado Aquário do Pantanal.

Com o apoio da Brava, uma plataforma física de trabalho em rede endereçada na mesma região da Esplanada, o Museu da Ferrovia volta à tona e o assunto será discutido em uma roda de conversa hoje (15), às 19h30. No momento, Nivaldo apresenta todo o projeto, destacando seu processo criativo, pesquisas, soluções cenográficas e instalações de multimídia contidos nas narrativas sobre a história dos caminhos de ferro. “A intenção é ouvir o que a comunidade tem a dizer e entender se para os campo-grandenses um projeto desses é interessante, fazendo com que a prefeitura volte a ter interesse”. Para Kenzo Minata, um dos responsáveis pela Brava, a obra é importante justamente por fazer um resgate histórico da ferrovia. “Seria o projeto mais importante do nosso coletivo até então. Nivaldo gostaria que a Brava entrasse na execução e adequação. Uma parceria no design do mobiliário e toda produção do projeto”, explica.

A Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo) afirmou por meio de nota que não há como estipular um prazo de execução para as obras do museu por questões financeiras, mas que existe o interesse pela instalação do projeto e que segue analisando o material.

Interatividade para contar a história de Mato Grosso do Sul

O Museu da Ferrovia foi pensado para falar sobre gente. “Ele retrata a Estrada de Ferro mas não necessariamente o trem, a parte física. Fala sobretudo de pessoas, de gente que viveu naquele período e das histórias delas”.

A primeira sala de visitação, a entrada, é projetada para ficar onde eram as bilheterias da Estação. “Lá nós teríamos um breve histórico justificando o porquê de a Ferrovia passar por Campo Grande, já que inicialmente não estava projetada para passar pela cidade”, diz ele. Saindo dessa área o visitante passa por um corredor com um desenho feito com arame do trem, com três ou quatro projetores mostrando a paisagem, dando a impressão de movimento para a locomoção, com trilha sonora regional. “É um espaço para imersão no museu que contém uma força, uma provocação poética”.

Saindo do corredor, o visitante entra na “nave”, local em que estarão todas as histórias e fotografias, cedidas como acervo pelo Iphan. “As formações das cidades do Estado, dos povoados, tudo estará nessa parte. Penso até em trazer alguns atores daqui que interpretariam as pessoas que passavam pelos trens”.

A partir daí inicia-se uma série de instalações, cada uma propondo um tipo de vivência diferente ao turista. Em uma dessas, ele dispôs de diversas malas no ambiente, que representam as inseguranças e esperanças do povo que partiu para o desconhecido.

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