Pintura | Jeozadaque | 07/02/2012 10h13

Com Carnaval minguado, em Campo Grande samba vinga nos “esquentas”

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Em uma cidade onde a festa mais importante do País não tem tradição, a empolgação dos foliões fica restrita aos “esquentas de Carnaval”. No fim de semana, a Feijuca de Verão mostrou que, pelo menos, gente bonita com samba no pé a cidade tem. No palco montado na piscina de um casarão no Parque dos Poderes, ao som da bateria da escola de samba da Vila Carvalho, quem conduziu a festa foi o carioca Dudu Botelho, 41 anos, 20 deles como sambista. Atualmente na Salgueiro, pela segunda vez ele vem a Campo Grande e comentava antes mesmo da festa em si começar do clima carnavalesco na cidade. “A temperatura emocional está ótima”. Para quem veio do Rio de Janeiro, onde se respira Carnaval o ano todo, estar em Campo Grande significa paz em meio a apreensão dos cariocas e a contagem regressiva para entrar na avenida. “É legal exatamente por isso, você vem mostrar o trabalho para quem não está habituado a ver o Carnaval assim”. O estilo genuinamente nacional não “pegou” na Capital de Mato Grosso do Sul, que sempre perde para as cidades do interior e quem vive do samba, como Dudu, tenta ensinar como apimentar o Carnaval por aqui. “O que diferencia é o investimento do poder público, mas não quer dizer que aqui não tenha Carnaval. Eles (escolas de samba) são menos favorecidos, mas ainda assim há os que remam contra e tentam fazer bonito”. Com o jeitinho de sambista, ele cutuca. Questiona “o que” em outras cidades dá tão certo e cita Corumbá. “Lá a prefeitura entendeu o que é o Carnaval e investiu”. Outro passo importante, na avaliação do salgueirense, é a união. “As escolas têm que passar por cima da adversidade. Eles são adversários na avenida, no desfile. Mas no resto do ano têm que se unir para fazer pressão em cima do poder público e não ser inimigos”. O que salta aos olhos é a paixão com que Dudu fala do Carnaval. “Não basta ser sambista. É preciso ser militante, eu sou um militante dessa cultura que vive e que existe no samba” No samba - Na festa pré-carnavalesca, a modelo e estudante de Direito Karen Recalde, de 21 anos, diz que este ano vai tentar passar Carnaval em Campo Grande. Acostumada a viajar para Ubatuba (SP) com a família nesta época, ela justifica a mudança de planos em 2012. “Falta o pessoal de Campo Grande assumir o Carnaval da Capital e prestigiar o que é da nossa terra. Se todos ficassem aqui seria diferente, aqui tem samba”. Silvia Mundstock, de 54 anos, virou um destaque no dia de samba. Empresária e esposa de Dudu Botelho, era bater o olho e ver que a mulher veio de longe. Com short, blusinha, salto alto, charuto nas mãos e o sorriso sempre aberto, ela revela que na verdade é catarinense, mas adotou o ritmo quando casou com Dudu. “Aprendi a gostar, ele foi fazer um show em Santa Catarina, e no meio da organização teve esse descaminho”, brinca Silvia. Para a mulherada que gosta da folia, a experiente sambista dá dicas: “Falta despojamento. Tem que esquecer alguns preconceitos e viver o samba com a intensidade que ele exige, porque o samba é isso, é alegria” De cabelos azuis, a estilista Tathiana Ajala, de 29 anos, já descobriu isso há tempos, apesar do look alternativo. “Eu gosto de samba, de escola de samba, do Carnaval do Rio”. Na avaliação dela, que comparece aos desfiles de carnaval de Campo Grande até para olhar as fantasias, o que falta é criatividade. “Falta novidade nas escolas em produzir um desfile de qualidade. Não é da cultura da gente, mas é preciso incentivar o Carnaval para o povo começar a gostar, aí pode ir virando”. Da Redação/Com Campo Grande News

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