Projeto “Patrimônio Vivo” circula escolas com oficinas
Idealizado e coordenado pela produtora cultural Wanessa Rodrigues, o projeto “Patrimônio Vivo: troca de saberes” tem o objetivo de socializar o conhecimento técnico-científico e valorizar os saberes e práticas locais. A iniciativa leva às escolas de Corumbá oficinas de educação patrimonial, a fim de despertar os sentimentos de identificação e pertencimento nos estudantes e torná-los protagonistas na preservação do patrimônio cultural da cidade. As atividades tiveram início em outubro deste ano, com o circuito de palestras, e chega à fase final nesta semana, com a elaboração do Mapa Afetivo.
A Prefeitura de Corumbá, por meio da Fundação da Cultura e do Patrimônio Histórico e do Conselho Municipal de Políticas Culturais, incentiva o projeto com R$ 15 mil reais, oriundos do Fundo de Investimentos Culturais do Pantanal – FIC/Pantanal, Edital nº 001/2019.
O projeto atendeu cinco instituições de ensino de Corumbá: as escolas municipais Caic Padre Ernesto Sassida, Luiz Feitosa Rodrigues e Tilma Fernandes Veiga – da área urbana; a escola municipal Eutrópia Gomes Pedroso – localizada no Assentamento Tamarineiro, área rural fronteira com a Bolívia; e o Moinho Cultural Sul-Americano. “Essas instituições foram escolhidas pela forte representatividade de integração entre brasileiros e bolivianos que há nelas”, destaca Wanessa Rodrigues.
Dividido em duas etapas, no primeiro momento, o projeto propôs levar aos alunos uma palestra dinâmica, onde pudessem compreender a história de Corumbá a partir do patrimônio que o município possui. Essa etapa foi pensada para contextualizar os conceitos de cultura e patrimônio, e incentivar os estudantes a reconhecer o papel da sociedade na preservação dos saberes e bens culturais.
Socióloga e produtora cultural, Wanessa explicou que a proposta de ir além da abordagem técnica rompeu com algumas práticas costumeiras no campo de Educação Patrimonial. “Apresentamos a eles o patrimônio cultural além de seus valores estéticos e formais, destacando o contexto histórico e as relações sociais, memoriais e afetivas, e o papel do ser humano diante do Patrimônio Cultural”. A interação entre a equipe, os alunos e os professores teve resultado bastante positivo. Sem discurso cansativo e com trocas dinâmicas de saberes, os alunos começaram a se envolver com o assunto e logo mostraram aproximação com a temática.
Para o professor doutor Marco Aurélio Machado, membro da equipe, uma iniciativa dessa natureza tem a grande missão de tornar a linguagem acessível para crianças, jovens e profissionais da educação. “Estamos fazendo um processo bem interessante, porque contamos a história da cidade a partir do seu patrimônio, isso vincula mais facilmente o sentido de patrimônio cultural para essas pessoas, não apenas os quais são oficialmente tombados ou registrados, mas principalmente aqueles que estão na memória”.
Sarah Rachid, aluna da E.M. Tilma Fernandes Veiga, concorda com o professor e afirma que o projeto abriu horizontes. “Vou começar a olhar minha cidade com mais carinho. Pra mim, o projeto é importante por que ensina às crianças a cuidar desde agora, preservar a cultura e tudo que temos, senão, no futuro não vamos ter mais nada”, avaliou a estudante, de 16 anos. Para o Jean Carlos Toledo, 11 anos, da E.M. Luiz Feitosa Rodrigues, foi muito bom reconhecer o que é patrimônio. “Tem coisa que nós vemos todos os dias e nem ligamos, mas agora eu entendi que preciso cuidar”.
Elaboração do Mapa Afetivo
Já na segunda etapa, os alunos tiveram a oportunidade de criar um mapa a partir daquilo que eles consideram patrimônio. Todas as turmas foram divididas em grupos e incentivadas a pensar em coisas às quais se sentissem pertencentes, fosse de caráter coletivo ou pessoal. E foi aqui que a Sarah Rachid pode aplicar o que aprendeu durante a palestra. “Fiz um pescador, ele representa o nosso turismo, as pessoas que vêm de fora para pescar aqui, e também os meus tios e pai, que sobrevivem da pesca”.
Os resultados partiram do esperado ao mais inesperado. Muitos desenharam a ponte, outros o rio Paraguai; teve quem representou o Cristo, o portal de entrada para Corumbá, e até a Cacimba da Saúde. E também teve quem optou pelo tereré, bebida comum na região. Mas um dos desenhos mais expressivos retratou as bandeiras brasileira e boliviana, selando e representando a força e a união das cidades fronteiriças.
“Essa segunda etapa do projeto tem contribuído para que nossa equipe conheça de que forma os alunos envolvidos no projeto compreendem o território ao qual estão inseridos. Os mapas produzidos até agora estão repletos de elementos culturais da região”, avaliou a antropóloga Edivânia Freitas, que também faz parte do projeto.
Após o fim da elaboração dos mapas, a equipe vai se reunir para analisar todas as etapas do projeto e construir um relatório contendo detalhadamente todo o processo e as percepções dos alunos. As informações são da Assessoria de Comunicação do Projeto Patrimônio Vivo: troca de saberes.
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