Teatro | Da redação | 07/05/2018 09h46

Peça Pedra Bruta emociona pelo engajamento dos atores amadores

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Os atores da peça Pedra Bruta, que estreou na noite desta quinta-feira (04.05) no Centro Cultural José Octávio Guizzo, encantaram e surpreenderam o público. Muitos deles tiveram sua primeira experiência com o teatro de forma mais profissional e efetiva por meio desta apresentação, e ao final da peça estavam todos com os olhos marejados de lágrimas pela emoção da estreia.

A peça é resultado do projeto “AMADORES – O que você gostaria de dizer através do teatro e não teve oportunidade?”, da Cia Ofit de Teatro, que no começo deste ano, foi desenvolvido pelo Edital do Fundo de Apoio ao Teatro de Campo Grande (FomTeatro) por meio da Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura de Campo Grande (Sectur) com apoio da Secretaria Estadual de Cultura e Cidadania (SECC), Fundação de Cultura (FCMS), Centro Cultural José Octávio Guizzo (CCJOG) e UFGD – Facale Curso de Artes Cênicas.

Com direção de Nill Amaral e escrito pelo dramaturgo e colaborador da OFIT há mais de cinco anos, Éder Rodrigues, a peça é na verdade resultado de uma autoria colaborativa com os atores. Pedra Bruta revela um caleidoscópio de situações e angústias que promovem uma exposição direta, engraçada e sensível sobre a intolerância, a juventude e a intensidade dos tempos de agora.

Segundo o diretor Nill Amaral, a ideia do projeto surgiu de várias indagações, como o que é ser profissional de Artes Cênicas em Mato Grosso do Sul quando os espetáculos têm poucas apresentações; como ser significativo para o público. “É um projeto inovador para a Ofit trazer esta moçada que tem algo a dizer e não tem espaço para apresentar”.

Foram 100 inscritos para o projeto, dos quais 22 foram selecionados e fizeram um workshop. Destes, oito foram escolhidos para compor o espetáculo. “O processo tee várias etapas. Consideramos o desempenho no workshop, a disponibilidade para ensaio e a vontade de dizer alguma coisa. A ideia é que haja uma segunda edição deste projeto e que o espetáculo seja levado a mais público”.

Nill se diz satisfeito com o resultado. “É um trabalho muito satisfatório essa reunião de diversas linguagens, poder dialogar com vários leques das Artes Cênicas; com o entendimento dos atores foi se construindo este dialogo. A minha satisfação é poder trabalhar com pessoas bacanas”.

O ator e estudante de Direito Vini Del Vecchio ficou sabendo do projeto por meio de uma amiga no trabalho. “Fiquei surpreso de ter sido selecionado. Eu nunca tinha participado de teatro colaborativo, com esta riqueza tão técnica na hora de atuar. Na época de escola eu participava de grupos, mas nada tão profissional. Acho que o teatro é um tripé: vulnerabilidade, empatia e presentificação. Vulnerabilidade porque a gente se expõe de uma forma que temos que nos desprender de nós mesmos e ter empatia com o personagem e presentificação porque estamos na cena com outras pessoas, então você precisa estar presente. Pode não ter tocado todo mundo mas se tocar uma só pessoa já valeu a pena”.

Richard Lima ficou sabendo do projeto pelas redes sociais. Ele é de Varginha, Minas Gerais, e veio para Campo Grande em 2015 para cursar Jornalismo. Em Minas já tinha contato com o teatro e estudou no Conservatório Estadual de Música, mas em Campo Grande teve sua primeira oportunidade com o projeto Amadores. “O teatro é tudo, é um lugar em que eu posso ser quem eu sou de verdade, dar vida a outras pessoas. Nós construímos as narrativas, tudo o que eu queria contar através da arte eu tive esta chance”.

Sobre o fato de estarem todos emocionados ao fim da peça, Richard explica que não é só por ser a estreia, mas pelo vínculo que se criou entre os atores e pelo fim de uma etapa. “Era uma rotina vir ao teatro todos os dias, aqueles encontros agora vão ser esporádicos. A gente criou um vínculo muito legal. É essa emoção de ter conseguido cumprir o que foi proposto. Esta oportunidade só abriu portas para mim, é o início de uma etapa que está por vir”.

Assim como Richard, a estudante de Artes Cênicas Danielle Samara também ficou sabendo do projeto pelas redes sociais. “Tive interesse para conseguir adquirir mais experiência, trabalhar com gente nova. É uma redescoberta fazer teatro, estar no meio da arte de uma forma que eu possa passar para frente, para outras pessoas. Colaborei e participei da cena do escritório. Isso sempre acontece, aquele padrão da secretária ‘gostosona’, quis quebrar o estereótipo. Fiquei muito feliz, foi uma pitadinha que eu contribuí. Por aí é o meu caminho, me encontrei, é o que eu gosto de fazer. É disso que eu preciso, é um combustível, a gente vai evoluindo conforme o tempo”.

Sobre a emoção da estreia, Danielle disse que é difícil não ficar nervosa. “Nervosismo sempre dá. Eu pensei: calma, respira e vai. É agora ou nunca. A gente curte de uma forma diferente. Senti-me muito honrada de trabalhar com os profissionais que dirigiram a gente, criou-se um núcleo, uma família, foram três meses juntos, quase todo dia. Vai deixar saudades quando acabar, com certeza”.

E as apresentações continuam nesta sexta e sábado (4 e 5 de maio) às 20 horas e no domingo (06) às 18 e 20 horas. A entrada é franca e os ingressos devem ser retirados com 30 minutos de antecedência. O Centro Cultural José Octávio Guizzo está localizado na rua 26 de Agosto, 453, Centro, entre a avenida Calógeras e rua 14 de Julho. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3317-1795.

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