Televisão | Uol | 22/12/2016 14h49

Com 70 anos, o sitcom sobrevive alheio às mudanças na televisão

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A televisão está em plena mutação, mas os "sitcoms", séries de comédia com plateia e cujo formato se mantém quase inalterado há 70 anos, ainda sobrevive nos Estados Unidos, a exemplo de "The Big Bang Theory", o programa não-esportivo mais visto na última temporada.

Longe dos mortos-vivos de "Walking Dead", das disputas de poder de "Game of Thrones" e de séries dramáticas cada vez mais sofisticadas, a "situational comedy" continua a atrair espectadores com o bom humor do gênero lançado no final dos anos 1940: personagens e cenários recorrentes, situações cômicas pontuadas diálogos rápidos e risadas ao fundo.

Além de "The Big Bang Theory", sem bater recordes de público, "Modern Family", "The Goldbergs" e "Black-ish" são assim renovadas ano após ano pelas grandes cadeias americanas.

E, nesta temporada, uma nova leva de séries desembarcou nas telinhas, liderada pelos clássicos "Kevin Can Wait" e "Man With Plan".

"O gênero está indo bem e espero que isso continue por um tempo", afirma Martie Cook, professora de roteiro para televisão e cinema na Emerson College.

Para ela, essa longevidade se deve ao fato de que as duas grandes molas do sitcom permanecem efetivas na sociedade de hoje: o humor e histórias que são muito semelhantes às nossas vidas diárias, articuladas em torno de uma família, seja ela biológica, recomposta, ou mesmo sem parentesco.

Para Doug Smart, diretor e produtor que filme a cada ano um sitcom com estudantes da universidade de Asbury, "o truque, é criar membros desta família que façam remeter às lembranças dos telespectadores", que se trate do tio chato ou do colega de trabalho.

Com a proliferação dos suportes de vídeo, incluindo o surgimento do smartphone, e a produção de programas para nichos de audiência, o sitcom conserva uma função rara: reunir a família.

"São 30 minutos ou uma hora em que você pode se sentar com seus filhos", observa Candace Cameron Bure, heroína da série "Fuller House" do Netflix.

Mesmo a "geração y" assiste a este formato, atraída em parte por episódios de curta duração, de meia hora.

"Talvez eles adorem o imaginário, como 'Game of Thrones', e o drama, mas eles gostam de comédias que estão mais próximas da realidade, com situações cotidianas", observa Doug Smart.

Outra chave para o sucesso dos sitcoms: sua virtude relaxante.

"A gente se senta", diz Martie Cook. "Cortamos o estresse de nossas vidas. E rimos".

"Às vezes eu só quero me sentar e rir de alguma coisa. Eu não quero pensar muito. E é exatamente o trunfo de 'Fuller House'", admite Candace Cameron, personagem central desta série em uma entrevista com repórteres em Nova York.

O estilo teve representantes clássicos e pioneiros como "I love Lucy", "Jeannie é um gênio" e "A Feiticeira". Nos anos 80, houve uma proliferação de títulos, mas nem tanto memoráveis, com exceção de "Bill Cosby Show" e "Alf, o extraterrestre". De 1990 a 2000, ganharam de vez o público, com destaque para "Seinfeld", "Will & Grace" e "The Nanny".

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