Carnaval | Da redação/com Campo Grande News | 27/02/2014 10h45

Baile de Carnaval dá um "refresco" para famílias e pacientes com doenças mentais

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Campo Grande (MS) - A direção caprichou. Providenciou máscaras, decorou o salão e colocou todo mundo para dançar no Carnaval do Caps 2 (Centro de Atenção Psicossocial), na Vila Planalto. Na rua Monte Pascoal, a festa começou cedo para os pacientes com transtornos mentais ou depressão.

Psicólogo, enfermeiro, educador físico e psiquiatra, todo mundo foi convidado também, assim como os parentes que normalmente têm dias complicados. “Eu vivo pra cuidar dele. Gosto dessas festas porque também posso participar”, comenta Nilce Pereira, 76 anos.

A aposentada é mãe de Antônio Cipriano, de 36 anos, o único filho, e que exige atenção redobrada por conta da doença. “Ele nasceu normal e começou a apresentar distúrbio quando entrou para o Exército, começou a ouvir vozes e conversar sozinho”, lembra.

A vida então passou a ser sofrida, com alguns “refrescos”, como nos dias de festa no Caps. “Eu adoro música e samba. Já dancei muito”, comemora Nilce.

Carla Gonçalves é gerente administrativa do Centro que atende cerca de 200 pacientes por mês, das 7 às 17 horas, com tratamento, café da manhã e almoço. “Muitos são encaminhados pelos postos de saúde, mas as portas estão abertas para quem precisar”, avisa.

Sempre que há uma data comemorativa importante, eles se reúnem para uma festinha. “Tem alguns que não interagem, mas a maioria participa”, conta a gerente.

A psicóloga Miriani Gomes da Silva lembra que, além de integrar as turmas atendidas pela manhã, com o pessoal da tarde, as comemorações servem para dar um pouco de vida normal aos pacientes. “A maioria não tem isso em casa, toma remédio muito forte e acaba dormindo cedo. O objetivo é resgatar a vida social para o paciente voltar a se relacionar com a família e depois com as outras pessoas”, explica.

Aos 72 anos, Maria dos Anjos Melo se anima ao ver o filho Valdinei, de 52, se divertindo no salão. Dedicada, ela sai do terminal Julio de Castilhos e vai a pé até o Caps da Vila Planalto para garantir atendimento a Valdinei. “Não deixo de levar porque melhorou muito depois que começou o tratamento. Também pego a medicação controlada de graça”, justifica.

Ela chama o filho e mostra as inúmeras cicatrizes de tempos em que ele era internado em hospitais psiquiátricos. Hoje, apesar de falante e entusiasmadíssimo, “Papai” – como é conhecido, tem gosto de frequentar o Caps. “Festa muito, muito boa”, resume Valdinei.

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