Carnaval | Da Redação/Com Diário Online | 29/01/2013 12h08

Bloco Afoxé Muzenza Pantaneiro surge para divulgar cultura afro-brasileira

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Numa manifestação das raízes do samba, o bloco Afoxé Muzenza Pantaneiro estreou no carnaval de Corumbá, fazendo sua primeira apresentação durante o concurso para a escolha da Corte de Momo, no último final de semana. Assim como os blocos afro de Salvador, local onde se concentra a maior parte de grupos dessa natureza, o surgimento do Afoxé Muzenza Pantaneiro veio para divulgar a cultura afro-brasileira, quebrando barreiras e preconceitos.

"O afoxé são os grupos organizados das casas religiosas de candomblé e umbanda que se reúnem com a intenção de difundir, divulgar nossa cultura, tanto rítmica quanto de dança e vestimentas", disse o babalorixá Deá, da casa Ilê Axé Akueran, de Corumbá. Ele explicou a nominação do bloco e o ritmo que embala os seus foliões, mostrando a estreita relação entre a religião e a apresentação cultural. "É em homenagem ao Muzenza de Salvador, que é um dos principais blocos de Afoxé da Bahia. O ritmo base do afoxé é o ijexá, que é executado dentro dos terreiros de candomblé, tocado para reverenciar a deusa da beleza, Oxum", comentou.

A proposta de criação do bloco afro em Corumbá, segundo Nara Nazareth Lima Monteiro, presidente do Instituto Madê Korê Odara, partiu da ativista Romilda Neto Pizani, presidente do grupo de Afoxé Ilê Omo Ayê, de Campo Grande.

"Ela sugeriu a criação em Corumbá onde temos um forte carnaval e a presença de mais de 70 casas de umbanda e candomblé", contou Nara ao Diário, lembrando reuniões e de convites que foram feitos aos integrantes das casas religiosas na cidade, com o apoio da Gerência da Promoção da Igualdade Racial, até a formação do grupo local.

"A gente vem para enriquecer o carnaval de Corumbá e buscar, aos poucos, ir tirando o rótulo pejorativo sobre as religiões de matrizes africanas. Nessa primeira apresentação, sentimos algumas críticas, mas também tivemos muito apoio e vamos continuar, com certeza, não somente esse ano como nos próximos", disse Nara Nazareth ao estimar que já há cerca de 200 inscrições para o bloco.

Abençoando a passarela do samba

O Afoxé Muzenza Pantaneiro abrirá a passarela do samba no dia 06 de fevereiro com um ritual de purificação e pedido de proteção ao carnaval corumbaense como explicou o pai Deá. "Estamos misturando um pouco do religioso com o festivo do carnaval, mas deixamos bem claro que saímos como sacerdotes, filhos de santo, pessoas do axé na intenção de abençoar a avenida para termos um carnaval de paz e somente de muita alegria", declarou.

À frente do bloco, virão os babalorixás com flores e água de cheiro, purificando o trajeto. Carregando estandarte do bloco, uma musa escolhida pelos organizadores. Ao som de cerca de 50 ritmistas, cujos principais instrumentos são o atabaque, o agogô e o xequerê, virão os foliões com coreografias de dança afro.

"Qualquer pessoa pode participar, até mesmo, se juntar a nós no momento porque a coreografia é bem simples, não exige grande esforço", comentou Nara ao avisar que graças ao incentivo do grupo da capital, Ilê Ilê Omo Ayê, o Muzenza Pantaneiro, terá já em sua estreia na avenida, abadás de blocos de renome em Salvador como o Ilê Ayê, o mais antigo da capital baiana.

A concentração do bloco Afoxé Muzenza Pantaneiro acontecerá, no dia 06 de fevereiro, na rua Cuiabá, entre as ruas Frei Mariano e XV de Novembro, área central da cidade, às 18 horas, pois, segundo a programação oficial da folia de Corumbá, às 19 horas começa o desfile. Para saber mais sobre participação no bloco, basta o interessado se dirigir até à sede da Gerência da Promoção da Igualdade Racial, na Casa da Cidadania, localizada na rua XV de Novembro, 400, Centro.

Antes disso, no dia 30 de janeiro, o bloco participará da "Marcha Pantaneira Pela Paz e Não Violência", promovida pela Secretaria Municipal de Assistência Social. A mobilização social tem concentração a partir das 07 horas no Ginásio Poliesportivo Lucílio de Medeiros, na Rua Porto Carrero.

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