Cerâmica | Da redação | 07/03/2017 08h17

Cerâmica indígena como fonte de renda foi tema de debate

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Em workshop que lotou os 100 lugares do auditório da TVE nesta segunda-feira, com um público direcionado às questões indígenas, o Secretário de Estado de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação, Athayde Nery, o diretor presidente da TV Educativa, Bosco Martins, e Gilberto Luiz Alvez, professor do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Uniderp, debateram com os convidados a cerâmica e o artesanato e fontes sustentáveis de emprego e renda, para aquela que é a segunda maior população indígena do País.

A população indígena de Mato Grosso do Sul cresceu 42% em 10 anos. Os dados são do IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística) que atualizou em 2016 o Censo Demográfico de povos indígenas e contatou que no Estado são 77 mil pessoas que se declararam indígenas. O levantamento atribui ao avanço nas políticas públicas direcionadas aos povos indígenas. Em Mato Grosso do Sul, 94,4% das pessoas que se declararam indígenas souberam informar o nome da etnia ou povo ao qual pertenciam.

Na abertura, feita pelo idealizador do evento e professor, Gilberto Luiz Alvez ele colocou o objetivo do workshop cuja “a intenção é discutir experiências e reflexões importantes ao artesanato indígena e sistematizar recomendações para aperfeiçoar a produção do mercado para a cerâmica artesanal das etnias Kadiwéu, Terena e Kinikinau”, defendeu. Antes da palestra do Secretário de Cultura, Bosco Martins destacou “a importância da cerâmica e do artesanato indígena na capacitação e disseminação do empreendedorismo e, também, para promover a melhoria da produção e sua inserção no mercado.”

O secretário Athayde Nery realizou palestra com o tema “Políticas públicas na área de cultura e o artesanato indígena”, onde destacou a valorização da cultura indígena no estado. O secretário falou sobre a importância da apresentação e valorização do artesanato e da cultura indígena, e mostrou os trabalhos realizados pela Fundação de Cultura. “Se nós apresentarmos essas obras, elas passam a ter um apelo econômico e um apelo turístico, mas fundamentalmente um apelo cultural muito importante, que só aqui que temos”.

Nery comentou sobre sua palestra e o evento, e a preocupação de inclusão das comunidades indígenas. Disse ainda que há a necessidade do estado reconhecer um espaço para essa população e que é preciso criar mecanismos que fortaleçam esse processo. “Junto com isso [workshop] vem a preocupação exatamente de você criar um processo de inclusão institucional das comunidades indígenas, que é um processo do reconhecimento com planos, com estratégias, com sistemas, com a necessidade das várias cidades, onde isso se manifesta, o poder público estará atento recepcionando isso, inclusive do ponto de vista orçamentário e do ponto de vista político e social. Então essas são constituições que levam tempo, mas que a gente já avançou bastante.”

No debate realizado após a palestra os participantes propuseram a criação de Centros de Comercialização dos produtos indígenas para se desvencilharem do “atravessadores que compram da comunidade a preso de bronze, para vender aos turistas a preço de ouro”, os mais diversos ramos artesanais, a exemplo da cerâmica, madeira, metal, couro, cestaria, trançado, tecelagem manual, rendas, bordados, confecção de instrumentos musicais e artesanato mineral, etc.

“Em grande parte dos estados brasileiros, o artesanato valoriza a identidade cultural das comunidades, gera emprego, fixa o artesão em seu local de origem e promove a melhoria da qualidade de vida, além de contribuir para o desenvolvimento local.” Finalizou a Subsecretaria de Assuntos Indígenas Silvana Terena.

No caso de Mato grosso do Sul, existem artesãos indígenas em praticamente todas as localidades, indicando pelo menos o estabelecimento ou construção de 15 polos ou Centros de Comercialização onde a produção artesanal possui condições de expansão, informaram os debatedores.

Conheça alguns polos identificados: Artesanato das Regiões.

Campo Grande; O artesanato da região contempla peças feitas em cerâmicas, cestarias, argila, dentre outros. A qualidade do artesanato é excelente e a variedade de estilos impressiona. Nos municípios que compõem a região existem diversas associações e grupos familiares que produzem o artesanato, alguns com certificado de origem emitido por entidades competentes. O artesanato indígena também se apresenta na região principalmente por duas etnias, a Kadiwéu e a Terena.

Pantanal; A região do Pantanal apresenta artesanato rico e variado, feito a partir das seguintes matérias- primas: pedra, arenito, osso e chifre de gado, cerâmica, palha, argila, madeira, fio de buriti, caraguatá, granito, carandá, bambu, couro e baguaçu. Trabalhos com madeiras, osso e chifre de gado

Bonito – Serra da Bodoquena: Uma das principais manifestações culturais da região é representada pelo artesanato feito da reciclagem do osso bovino, couro e restos de madeira, que busca alternativas produtivas, focadas na preservação ambiental e na criação de fonte de renda sustentável para a população mais carente da região.

Outra manifestação bem forte na região é a cerâmica confeccionada pelos índios Kadiwéu, conhecida internacionalmente como Cerâmica Kadiwéu. Produzem objetos utilitários e decorativos: potes, panelas, jarros, moringas, placas e animais. Nos utensílios usados para cozer alimentos não é prática aplicar decoração. Cerâmica confeccionada pelos índios Kadiwéu

Rota Norte:

Artesanato Terra Cozida do Pantanal, cerâmicas moldadas no torno ou na mão, expressa as riquezas naturais da flora, fauna e a rotina do homem pantaneiro. Arpeixe, mulheres pescadoras que descobrem uma nova oferenda dos peixes: o couro. E aprendem a transformar a pele de peixe em valiosos acessórios femininos feitos à mão. Arpeixe (acessórios femininos)

Costa Leste

A Costa Leste MS, como as demais regiões turísticas de MS possui expressões culturais marcantes através do artesanato. Técnicas tradicionais preservadas, algumas aprimoradas, em matérias-primas da região como madeiras, argila e fibras vegetais ganham forma nas mãos de artistas que traduzem o dia-a-dia das comunidades locais.

Em Três Lagoas temos como destaque as Gamelas em Madeira de Dona Ana Vitorino; a cerâmica artística de Edvaldo Márcio Vicente; o entalhe em madeira do Narciso; a Cestaria em Taboa de D. Maria do Rosário; e a tecelagem, tão bem representada pela família Nakamura e Dona Almerinda Melo.

Artesanato em Aparecida do Taboado é da Cerâmica do Sr. Eurico Pimenta, que recebe os visitantes com muita simpatia em seu sítio. Outro destaque são os balaios e baús do Sr. Birer.

Em Bataguassu, na Nova Porto XV, a parada para comprar bichinhos do Pantanal é obrigatória, pois são dezenas de famílias que oferecem na beira da rodovia.

O Workshop termina na quarta-feira com uma visita aos polos oleiros Terena e Kinikinau em Miranda. Quem quiser participar é só se inscrever no local, nesta terça-feira os principais debatedores, serão Rosemary Matias doutora em química e professora da Universidade Anhanguera-Uniderp, Andrea Naguisa Yuba, doutora em Arquitetura e Professora da Univerdade Federal de MS e Dinah Guimaraens, doutora em arquitetura e professora da Universidade Federal Fluminense.

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