Nem o fast food consegue abalar a preferência pela esfirra tradicional
As redes de fast food chegaram, mas não adianta. Nada substitui a esfirra tradicional em Campo Grande, mesmo com preço mais alto que o da concorrência. “Não gosto de comer plástico. Lá (fast food) não tem gosto. Esfirra boa é a feita pelos árabes”, justifica o comprador assíduo Eriberto Goldin. Na Confeitaria Árabe, um dos pontos mais tradicionais da cidade, há anos a receita é a mesma e o cuidado com os ingredientes também. A proprietária, Madeleine Youssef Ibrahim, capricha desde que resolveu abrir as portas, 32 anos atrás. “A esfirra tem de ser molhadinha, mas não ensopada, o charuto também”, recomenda. Ao deixar o Líbano aos 12 anos, depois de o pai ser morto na revolução de 58, ela não sabia cozinhar, só aprendeu com o casamento, aos 17 anos de idade. Com o marido, montou a Confeitaria em um barracão deteriorado na 7 de Setembro. Com o tempo foi investindo na reforma, melhorando e hoje o ponto é um dos mais procurados de Campo Grande. Madeleine abre a cozinha para uma fotografia e o cheiro empolga. Borbulhando, as esfirras abertas saem do forno. Até hoje, ela mesma escolhe os ingredientes e compra carne sempre do mesmo fornecedor e sem mudar o corte. “Para o quibe cru, só aceito patinho. A esfirra tem de ser carne de primeira com alguma gordurinha”, ensina. Com a instalação do fast food árabe na cidade, ao contrário do que se imagina, a proprietária diz que passou a receber mais clientes e elogios. “Eu nunca fui, mas meus filhos foram e não gostaram. Os clientes também dizem isso. Comentam que aqui pagam com gosto”. Em família - A tradição é envolver toda a família no negócio. Na Confeitaria, trabalham os pais e os dois filhos, em um revezamento de segunda a sábado. Duas quadras depois, também na 7 de Setembro, 5 dos 6 filhos de José Thomaz trabalham no Thomaz Lanches. A esfirra douradinha tem até recheio de banana com canela. Os sabores foram acrescentados ao longo dos anos, mas a receita também não mudou. Desde 1978, quando a lanchonete era uma portinha de esquina, no cruzamento com a Rui Barbosa. O lugar vive cheio. “Venho duas vezes por dia. De manhã para tomar o café e de tarde para lanchar. Não tem igual”, comenta Luiz Leopoldo, de 70 anos, que sai do bairro Monte Líbano para comer a esfirra no Thomaz. Na Dom Aquino, uma portinha ainda é o ponto tradicional da esfirra no Centro. Um pequeno corredor e as estufas recheadas de esfirras são suficientes. “Aqui custa R$ 1,75, no Habib’s é quase a metade do preço, mas aqui é feita em casa, é outro sabor”, justifica a estudante Tainara Felício, de 24 anos. Da Redação/Com Campo Grande News
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